O efeito auditivo do palavrão

Confira análise do comentarista Wilton Bezerra

Foto: JL Rosa / SVM

Na busca pelo sucesso, a chegada ao topo não costuma ser tão difícil quanto a manutenção do status de escolhido pelos deuses do triunfo.

Se os fracassos não servirem como lições para os derrotados, uma trajetória promissora pode ser interrompida abruptamente.

Cada treinador tem uma maneira própria de dirigir pessoas, na luta pelo reconhecimento do seu trabalho.

A história do futebol, pelo menos até onde conheço, não reserva bom lugar para treinadores truculentos como Yustrich, o “homão”, um ex-goleiro que se tornou técnico de grandes clubes, inclusive o Flamengo.

Quem comanda tem que ter controle absoluto de suas emoções, pois do contrário vai se perder no vendaval incontido das irreflexões.

Não conheço de perto o profissional Rogério Ceni, cujo trabalho de três anos o elevou à condição de melhor treinador da história do tricolor do picí.

A imagem que tenho dele é positiva, embora isso não me impeça de fazer reparos ao seu trabalho.

Nas derrotas, o hábito de encontrar culpados: seja nas comparações financeiras e estruturais, necessidade de contratar, arbitragem, etc, etc.

Mas, não há dúvidas, que existe uma interação entre o treinador e os atletas, a ponto de se reconhecer uma situação em que os jogadores jogam por eles, e pelo comandante técnico do time.

Talvez, pelo fato de ter ouvido falar na “era da delicadeza”, me causou espanto e, à muitas pessoas, o tratamento dado por um Rogério Ceni, aos berros e apoplético, ao cobrador de uma falta, com barreira, a favor do tricolor.

A sugestão que o cobrador da falta fosse tomar caju, pode, quem sabe, revelar um modo de tratamento cultivado entre comandante e comandados.

E há quem ache, no ambiente intramuros do futebol, coisa perfeitamente normal sem muitas “escoriações”.

O efeito auditivo, só possível em estádio vazio, nos deixa uma ponta de dúvida.



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