Ninguém se incomodou

Quando o Clube dos Treze foi implodido, cada time passou a defender os seus interesses de forma particular.

Cada um por si, Deus por todos, e a união dos clubes foi para o espaço, tal qual uma espécie de “OPEP”.

Ninguém se incomodou, ao se convencer que foi um bom negócio o fato de cada um tratar de sua vida.

Logo após, veio a discussão na distribuição das cotas televisivas, em função das disparidades na partilha.

No duro, ninguém se incomodou por entender que a divisão estava certa ao pagar mais aos times de maior apelo.

Uma parte dos clubes importantes - e de tradição - passou a imaginar que uma liga seria uma boa saída para que o futebol brasileiro encontrasse vida mais saudável fora do abrigo da CBF.

Ninguém se incomodou com o assunto, mesmo porque a maioria gosta mesmo é de um bonito cabresto e não tem queixa do capim oferecido.

O calendário de competições da CBF (com discordância de uma minoria silente) enfiado goela abaixo, é considerado uma aberração porque esfola os jogadores fisicamente.

Ninguém se incomodou, de maneira concreta até agora, nem mesmo os atletas, e tudo se resume a muxôxos inaudíveis por parte dos profissionais.

Por causa dessas “pequenas razões”, os clubes apagaram os certificados de internacionalização de suas marcas, pouco valendo lá fora.

Ninguém se incomodou com isso, conformando-se com as conquistas sul-americanas, pelos clubes, e de uma Copa America, aqui e ali, pela seleção.

Como deu para se perceber nesta pequena narrativa, ninguém se incomodou que o futebol brasileiro passasse a figurar na periferia mundial.

Essa  postura de escancarada indiferença por parte da cartolagem, certamente vai custar muito caro quando desabarem sobre ela os castigos merecidos.

Por falar nisso, aos donos dos “terreiros da bola”, uma passada na leitura de “A Indiferença” de Bertolt  Brecht, faria um bem danado.

Será que alguém vai se incomodar com a dica?



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