Maradona: um gênio radical

Foto: DANIEL LUNA / AFP

Dentro e fora de campo, um gênio que não demonstrava zelo pelos bons costumes. Falastrão, vangloriava-se de ter feito um gol de mão na Copa, cheirou cocaína, tirou fotos em Cuba com Fidel Castro e era um narciso.

Nos momentos de decadência, em uma frase, confessou a necessidade de ter a glória do aplauso de forma permanente: “Eu necessito que me necessitem”.

De anódino não tinha absolutamente nada, bem diferente de geniais jogadores de sua estirpe, que preferiram posições bem mais seguras no bom mocismo.

A grandeza do que foi um dia acabou lhe massacrando através do vício, por ter o ídolo criado a falsa certeza de que a felicidade alcançada seria para sempre.

Os gênios de temperamento irascível parecem não ter o mínimo sentido de autopreservação.

A fama altera o comportamento de pessoas de caráter vulnerável, e os gênios da raça são absolvidos dos seus pecados pela obra que deixam.

Ainda hoje, está nas minhas retinas (estava numa cabine, com visão privilegiada para o centro do campo) sua jogada realizada para que Caniggia nos tirasse da Copa de 1990, na Itália.

Sorte teve o mundo, pela primazia da imagem, de ver em ação esse craque maravilhoso, da categoria dos bailarinos.

A Argentina chora comovida a morte de Maradona, um dos maiores jogadores do mundo, como chorou a morte de Carlos Gardel, em 1935.

O futebol agradece ao Dieguito o que ele fez pelo esporte mais popular do mundo.



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