Barbas de molho, um aviso aos Campeonatos Estaduais

As pequenas e médias equipes, principalmente do interior dos estados, devem recolocar suas barbas de molho, com vistas a mais um ataque arquitetado contra os campeonatos estaduais. Os efeitos da pandemia acabaram por dar mais munição aos que sempre almejaram suprimir essas competições.

Não fosse a resistência da CBF, federações, clubes participantes e alguns apoios, aqui e alí, de alguma grande agremiação, os estaduais já estariam no vinagre.

Como está sendo projetado, o campeonato brasileiro da série A, deste ano, deve ser concluído em 2021, impactando datas dos campeonatos estaduais. Com isso, esses certames, segundo sugestões em pauta, seriam disputados em datas intercaladas ou, simplesmente, suprimidos para sempre.

Já imaginaram o campeonato cearense jogado ao mesmo tempo que certames de maior importância para o público torcedor?

Para completar o quadro desfavorável, a desistência da Rede Globo em continuar a parceria com o campeonato carioca pode desfechar um sério golpe financeiro nas competições estaduais, embora existam contratos em vigor com outras federações.

Ao não ser, claro, que surjam outras redes de televisão interessadas em comprar os direitos de transmissão.

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, argumenta que, com a retirada dessas receitas, Vitória e Bahia passariam a olhar essas competições como meros torneios para revelar jovens valores, o que já representa uma atitude de esvaziamento.

A realidade é a seguinte: os campeonatos estaduais estão na alça de mira para desocuparem o galho, há muito tempo. A televisão, que os patrocina, acha, mesmo, que o estaduais não valem o que se paga por eles.

A própria CBF, submetida a uma pressão permanente pelas suas extinções, já diminuiu as datas de suas durações, de 19 para 17.

O fato é que qualquer competição que não receba propostas para melhorá-la, dentro da importância que ainda carrega, não tem como resistir.

Ainda mais, quando, ano após ano, há uma compulsão para que esses certames desapareçam do mapa, para permitir um campeonato da série A de nove meses e outras competições de maior valor.

É bom, no entanto, dizer que, na história, uma parte pertence aos vitoriosos e a outra cabe aos resistentes



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