Porque me acusam de escritor, (escrevi três singelos livros) sempre trago algumas tiradas sobre o desinteresse das pessoas pela leitura.
"Os que leem, leem. Todos que não leem, fingem que leem", foi a última que trouxe para o distinto público.
Quando resolvi colocar causos e crônicas em livros, pude sentir o trabalho que isso dá.
O pior é o receio. Será que vão comparecer ao lançamento? E se encalhar?
O preâmbulo ampara o assunto para essa despretensiosa croniqueta e diz respeito às livrarias. Já estou atrasado sobre o tema.
Cobrindo um jogo da seleção brasileira pela Copa América em 1979, fui uma vez só a Buenos Aires.
Na capital da Argentina, duas coisas me chamaram a atenção: a elegância das pessoas e as livrarias apinhadas de gente.
No caso das livrarias, pensei tratar-se de motivos especiais, como lançamento de novas obras literárias.
Não, não era. "O povo daqui gosta de ler", alguém me alertou. "É sempre assim?", indaguei. "Sempre", me asseguraram.
Volto ao Brasil. Por aqui, seguimos acompanhando o obituário de livrarias e sebos.
E essas perdas vão descansando na memória de leitores como meras lembranças.
Não ler é assinar um pacto com o obscurantismo. Um País que não lê não existe de verdade.
Ainda assim, nos resta continuar acreditando nos livros, leituras, escritores e nelas, as livrarias que restam.
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