A velhice, a dor e la muerte

Legenda: Anthony Hopkins no filme Meu Pai
Foto: Reprodução

Eu já disse, várias vezes: não duvidem de um homem desocupado e reflexivo. São milhares de elocubrações por minuto, quando, ainda por cima, acordamos, observando pela janela uma atmosfera de Europa no Saara brasileiro. Se bem que Europa, para Otto Lara Resende, não passava de uma “burrice equipada de museus”. 

Pois bem, “inda gorinha”, sob os efeitos do filme “Meu Pai”, com arrebatadora atuação de Anthony Hopkins, estava refletindo sobre três temas pouco palatáveis: a velhice, a dor e la muerte.

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Podem me inquirir: por que não morrer em Português? Tudo bem, não tem problema e passemos a frente.

“Ser velho é melhor que morrer”. Caberia até numa canção.

Agora, nem imaginem o que é a velhice acompanhada da doença. Que digam os portadores de neuropatia e males assemelhados.

O filme “Meu Pai”, mais do que abordar o mal de Alzheimer, é um relato arrasador sobre a velhice.

A cena final com Anthony, portador de perda degenerativa da memória, no colo da enfermeira, pedindo por “mamãe”, além de pungente, reforçou duas certezas: a fragilidade do ser humano e a constatação de que somos uns perdidos.

Não vou mais falar sobre o filme. Assistam-no.

Já a dor, é companheira da velhice, embora as duas não se dêem muito bem, e traz um desconforto da “gota”. Temo mais a dor que a morte

As dores físicas, mais do que as dores da consciência, se espalham pelo corpo e, por muitas vezes, permanecem como visitas desagradáveis, que não vão embora, nem com vassoura colocada atrás da porta.

Com relação à morte, devo dizer que ela não é absolutamente nada em comparação ao amor.

Contando que a “triste partida” demore um bom tempo, com ela já me acertei, sem precisar de intermediários. Como disse Calligaris: “Só espero estar à altura”, quando o momento chegar.