Entendo que a atividade futebolística tem que ser sustentada pelos valores que produz, sem a necessidade da escamoteação.
Ninguém deseja que a crônica especializada saia alardeando que o futebol brasileiro está velho e acabado.
Mas, peraí, não é de bom tom deitar louvação excessiva em cima de quem não merece ser louvado, e dar valor a quem não tem valor nenhum.
Quando Rogério Ceni se transferiu para o Flamengo, não foram poucos os que afirmaram ter o treinador visado o passaporte para a seleção brasileira.
Agora, depois de resultados negativos do rubro negro, muitos julgam o ex treinador do Fortaleza como uma das sete pragas do Egito.
Fernando Diniz, técnico do São Paulo, vai do céu ao inferno a cada rodada: dorme gênio e acorda como um semovente.
Quando Ramon Menezes conseguiu alguns bons resultados com o time do Vasco da Gama, anunciaram uma nova revolução no jeito de jogar com o rótulo de “ramonismo”.
Durou pouco por se tratar de mais um artificialismo da mídia esportiva.
Quando o Palmeiras venceu o River Plate na Argentina, teve cronista fazendo comparação absurda do time de Abel Ferreira com as academias do Palmeiras.
Não demorou muito e, dias depois, o alviverde perdeu para o River, em casa, por 2 X 0, livrando-se , nesse jogo, de uma tragédia histórica pelo vareio de bola que levou.
Não existem mais super times no Brasil, nem que a vaca tussa.
Outra recorrência nos analistas: efeito positivo de uma mudança feita pelo treinador, mal o jogador que entra pega na bola, é conclusão sem base feita corriqueiramente.
Lembro-me de um jogo do Ceará contra o Gama, em Brasília, em que o primeiro tempo terminou em 0 X 0, razão suficiente para que o comentarista da TV pedisse a retirada imediata de dois jogadores – Rogerinho e Felipe Azevedo – no segundo tempo.
Em dez minutos, os dois envolveram a defesa contrária em duas belas jogadas e marcaram 2 X 0 para o Ceará, o que gerou um pedido de desculpas do cronista pela observação errada.
Achando pouco o processo de gourmetização, ainda temos que suportar um palavreado dito “moderno” com recheios de referência disso e daquilo, falso nove, beiradas, tomada de decisão, reativo, e minutagem. Arre!
E por aí vai, num mar de contradições e incoerências de fazer corar um frade de pedra.