Uma casa na praia era tudo que eu queria na vida. Com uma planta na mão, junto a alguns pedreiros amigos, construí uma no Icaraí.
Não era na beira da praia, como desejava, mas tinha até piscina.
Ah, mas como serviu.
Lugar de ajuntamento de gente da família e de amigos para muitas festas regadas a cerveja e muito churrasco.
Lotação, às vezes completa, nos finais de semana.
Necessidade imperiosa me fez vendê-la.
13 anos depois, volto à casa que me pertenceu, para um chá de bebê de uma afilhada.
A princípio, um choque. O novo proprietário pôs abaixo um cajueiro e um frondoso pé de ingazeiras que ornavam o lugar.
Com pequenas alterações, a casa estava intacta, como no tempo das felizes celebrações.
Nostálgico, sou tomado por lembranças e, logo depois, recordo um texto do escritor Rubem Alves sobre lugares:
"Se você amou muito um lugar, não faça a besteira de visitá-lo. Você não encontrará o seu tempo. Esse lugar não mais lhe pertence".
Ou ainda a poesia do compositor português Rui Veloso, em "Regras da Sensatez":
"Nunca voltes ao lugar onde fostes feliz. Por mais que o coração diga, não faças o que ele diz. Só encontrarás erva rasa por entre as lages do chão".
Batidas no coração.
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