A caixinha iluminada

Leia a coluna deste sábado (15)

Legenda: Leia a coluna deste sábado (15)
Foto: Shutterstock

Acho engraçado e bem bolado o comunicado aos clientes de um bar: “Não temos wi-fi. Conversem entre vocês”.

Reinando no império dos desejos pessoais, está o aparelho celular.

Pode-se afirmar, peremptoriamente, que o celular é o oráculo da nova civilização.

Na rua, na chuva, na fazenda (para lembrar o sucesso de Hyldon), estamos todos sequestrados em nossa atenção por essa caixinha cheia de grandes atrações.

Crianças, adultos e idosos são flagrados com ela, iluminando os seus rostos.

Muitos, entre os quais o escriba, por necessidade de trabalho, e uma maioria para se informar, escrever sandices, matar o tempo ou em busca de influencers. 

Tudo processado em mágicos minutos.

Para quem enxerga um perigo a mediocrização das pessoas, triste observar que o  livro é uma das vítimas dessa caixinha.

Já com o prestígio abalado, o impresso manuseado perdeu mais Ibope ainda. Lembrar que, dele, vieram meus influencers Nelson Rodrigues, Cony, Antônio Maria e tantos outros.

Hoje, qualquer imbecil consegue milhões de seguidores dispostos a aceitar carradas de esterco em suas cabeças.

A dependência é grave e não tem controle à vista.

Pior que isso, só o dilúvio.

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