Cortejado por integrantes do futuro governo, o União Brasil discute internamente os rumos para 2023. O novo partido, resultado da fusão do PSL e do DEM, surgiu como uma força recente de centro e tentou capitalizar a chamada terceira via nas eleições deste ano, mas naufragou sem ter um nome competitivo para a empreitada.
Agora, o partido é sondado por interlocutores do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para garantir a governabilidade depois de uma disputa eleitoral turbulenta e acirrada.
No Ceará, o partido elegeu quatro parlamentares para as cadeiras na Câmara dos Deputados. A coluna procurou os eleitos para ouvir os posicionamentos sobre esse suposto namoro entre a legenda e o PT.
A bancada, por não ter unidade discursiva sobre os rumos da agremiação, abre margem para negociação com o presidente eleito.
Independência
Ex-filiado ao MDB, Moses Rodrigues chegou há pouco tempo no partido. Reeleito para mais um mandato em Brasília, o parlamentar adianta que deve atuar com "independência", mas afirmou que essa é uma discussão que o partido ainda terá nas próximas semanas.
"Ainda não há definição. O partido irá conduzir uma série de reuniões com as bancadas da Câmara e do Senado para tratar do assunto. A minha posição pessoal é que sejamos independentes, mantendo diálogo aberto com as diversas correntes ideológicas, e nos posicionando sempre a favor do que for melhor para o Ceará e para o Brasil", declarou à coluna.
É possível conversar
O experiente deputado federal Danilo Forte diz que a legenda precisa primeiro definir uma pauta. Uma possível aproximação com o governo será, segundo ele, baseado em um programa definido pelos correligionários.
"Nós temos que definir uma pauta com as questões que são importantes para o partido, como a Reforma Tributária para diminuir impostos, para buscar ter uma melhor distribuição na arrecadação e a renda mínima", pontuou.
De acordo com o deputado, a disposição é de ajudar o País. "No que a gente puder colaborar, contribuir, a gente tem que apoiar. No que for contrário a gente se posiciona", disse.
Tem que ter lado
Eleita pela primeira vez para um mandato na Câmara dos Deputados, Fernanda Pessoa diz que aguarda uma definição do partido sobre o posicionamento que a bancada deve ter perante o novo governo.
À coluna, a parlamentar defende, no entanto, que o União Brasil assuma um lado, rechaçando a postura de independência.
“Entendemos que somos um partido com 60 deputados, o que nos dá um lugar de destaque quando se fala em base ou oposição. Daí que temos que conversar e entender nosso papel. Temos que ter lado. Ou sermos base ou ser oposição. Isto é que irei defender, não consigo me vê sem tomar posição. Essa de independência é para quem não sabe o que quer e tem medo de se posicionar”, disse.
Atuação na oposição
Eleita na esteira da oposição no Ceará, a deputada federal eleita Dayany Bittencourt adiantou que deve atuar como parlamentar opositora ao governo petista.
"Fui eleita deputada federal pelos cearenses para ser oposição. Vou seguir a minha coerência política na Câmara dos Deputados sendo uma oposição responsável e propositiva. Tudo o que for bom para o meu País, votarei a favor, atuando para fortalecer o debate, a fiscalização e a nossa democracia", disse em nota enviada à coluna.
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