Oito mil votos e sem direito à suplência: o novo cenário do fim das coligações para vereadores

Com o fim das coligações nas disputas pelas cadeiras nas casas legislativas, já em vigor nas eleições municipais deste ano, houve uma mudança significativa no processo de composição das câmaras municipais do ponto de vista das suplências.

Candidatos que em pleitos anteriores ficavam na lista de espera para ocupar uma cadeira no Legislativo agora enfrentam um cenário diferente. Por exemplo, na Câmara Municipal de Fortaleza, candidatos chegaram a atingir 8 mil votos ou 5 mil votos e não conseguiram sequer a suplência — ou seja, a chance de ocupar uma vaga se houver dança das cadeiras. 

Por outro lado, lideranças que não tiveram sequer o próprio voto figuram como suplentes. Isso mostra que o fim das coligações acabou forçando o protagonismo dos partidos políticos que precisam conquistar as suas próprias cadeiras sem ajuda de partidos aliados. 

Ainda na época das coligações, tradicionalmente o prefeito ou a prefeita acabavam convocando um vereador ou vereadora para assumir uma secretaria municipal, abrindo a vaga para um aliado no Parlamento que estava na condição de suplência. Nesse novo cenário, um movimento parecido não surte mais o efeito das eleições anteriores.

As extensas coligações do passado ajudavam o candidato de um partido a entrar para o Parlamento com os votos recebidos por candidatos de agremiações diferentes. Ou melhor, poderiam ser eleitos com a ajuda dos tradicionais “puxadores de votos” de outras legendas.

Agora, com as coligações proibidas, os “puxadores de votos” só ajudam a eleger candidatos da mesma legenda. Caso o partido não conquiste vagas no Legislativo, os candidatos, mesmo que bem votados, ficam de fora da possibilidade da suplência. Enquanto outros postulantes que não receberam votos ganham a possibilidade de serem reservas.

Foi o que aconteceu com o candidato Rodrigo Marinho (NOVO) que conquistou 8.004 votos, e não foi eleito suplente. Isso porque o NOVO não conquistou cadeiras no legislativo fortalezense. O fato se repetiu também com o vereador que tentava reeleição, o Professor Evaldo Lima (PCdoB), que conquistou 5.501 votos.

Quociente

A depender da quantidade de eleitores que for às urnas, um cálculo é feito para definir a quantidade de votos que cada partido vai precisar conquistar para ganhar cadeiras nas câmaras municipais. Juntos, aqueles candidatos do mesmo partido tentam conseguir o máximo de votos para conseguir eleger um ou mais nomes. Isso é o que chamamos de quociente eleitoral. 

Se somados os votos, a sigla não conseguir votos suficientes para eleger ao menos um nome no legislativo, o candidato ou candidata pode obter votação expressiva e, mesmo assim, não chega à condição de suplente. O cenário é novo e exige planejamento para os partidos políticos — pensar não apenas em nomes fortes, mas também em uma variedade de candidaturas para fortalecer as agremiações.