Maracanaú: Não seria a 1ª vez que PT abriria mão de candidatura própria para apoiar a família Pessoa

Entre estratégias eleitorais e acordos políticos, o PT tem optado por apoiar nomes aliados em cidades importantes ao invés de ir para o embate

Foto: Arquivo/SVM, Ismael Soares/Diário do Nordeste

Filiado ao PT desde a última eleição geral, disputando a vaga na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) sob a alcunha "líder do Camilo", o deputado estadual Júlio César Filho – o Julinho – busca convencer o governador Elmano de Freitas (PT) a entrar na discussão interna em Maracanaú sobre a definição do partido para a eleição de outubro. 

O "problema" é que a cúpula petista na cidade já aprovou apoio à reeleição do atual prefeito Roberto Pessoa (União) mesmo com a tentativa de articulação interna do deputado Julinho para ser candidato. Com o recurso do parlamentar contestando a decisão, a direção nacional do PT pautou o impasse para esta segunda-feira (20) para ser decidido em reunião. 

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No contexto da tentativa de candidatura própria, está o apoio do prefeito Roberto Pessoa ao Capitão Wagner (União) na eleição para governador em 2022, contra o hoje governador Elmano de Freitas – fato pontuado por Julinho. Apesar desse apoio, Pessoa se considera próximo ao chefe do Palácio da Abolição. 

A aproximação não é de hoje. Foi o prefeito, em 2012, que indicou o vice de Elmano na corrida pela prefeitura de Fortaleza, Antônio Mourão (PR, legenda coordenada por Pessoa no Ceará à época). Desde então, há uma aproximação com a ala do PT ligada ao governador e à deputada federal Luizianne Lins (PT). 

A declaração inclusive foi dada a uma entrevista do prefeito à Live PontoPoder logo após a eleição

Candidatura própria é exceção 

Fato é que não seria a primeira vez que o partido abriria mão de candidatura própria na cidade para apoiar candidaturas do grupo dos Pessoa. Foi assim em 2008 quando Firmo Camurça, então filiado ao PT, foi indicado vice de Roberto Pessoa. Em 2012, o partido apoiou a campanha de Firmo, que já estava filiado ao extinto PR. 

Candidatura própria, inclusive, foi exceção do partido nos últimos anos. Em 2020, a legenda lançou Daniel Baima, atingindo 5,21% dos votos válidos naquela eleição. Desde então, os petistas têm se aproximado da gestão, inclusive integrando o governo. A Secretaria de Juventude e Lazer de Maracanaú, por exemplo, é comandada por Nailton Marques, membro da Executiva Municipal do PT.  

Mesmo sabendo dessa aproximação com a gestão, o parlamentar protocolou nas instâncias estadual e nacional recurso para que a decisão municipal fosse revista. 

Elmano vai interferir? 

Em contato com a coluna, o deputado estadual Júlio César Filho (PT) declarou que vai procurar o governador Elmano de Freitas para conversar sobre a situação no município. A expectativa é que alguma interferência seja feita no sentido de sensibilizar a cúpula nacional a reverter a decisão local da sigla. 

A definição fica a cargo da nacional por conta de uma resolução no PT que diretórios de cidades com mais de 100 mil habitantes precisam remeter as decisões às instâncias superiores: o diretório estadual e nacional. 

Dificilmente o governador deve fazer movimentos contra a decisão do partido. Uma das razões é o diálogo fluido que o Palácio tem com a família no município. Fernanda Pessoa, que é deputada federal e filha do prefeito, por exemplo, tem se mostrado uma aliada do governo, mesmo o União Brasil no Ceará sendo um dos principais partidos de oposição em âmbito estadual. O próprio Firmo Camurça, que é deputado estadual na Alece, tem contribuído com o governo estadual. 

É menos problemático acatar a decisão partidária do que criar problemas onde politicamente as coisas vão bem. O governo tem feito movimentos onde não é possível mais dialogar, como é o caso de Juazeiro do Norte. Nem em Caucaia, em 2020, com Elmano candidato, o Governo do Estado interferiu por conta do então prefeito aliado, Naumi Amorim (PSD). 

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