Se há solução melhor que o lockdown para enfrentar a pandemia da Covid-19 nesse momento, desconheço. A decisão do governador Camilo Santana (PT) e do prefeito Sarto Nogueira (PDT) de decretar regras mais rígidas em Fortaleza, por duas semanas, é a única possível no momento.
Não ouvi nem li especialistas em saúde — os que têm a prerrogativa de falar sobre o assunto — fazerem qualquer outro tipo de recomendação. Muito menos a classe política contrária à medida apresentou solução melhor. E falo de solução viável cientificamente, e não palavras vazias fundamentadas no senso comum.
As projeções científicas para a quantidade de vidas perdidas para a Covid-19 nos próximos dias são as piores possíveis. Lockdown funcionou e continua funcionando no mundo inteiro. O Brasil, hoje, é um dos países mais perigosos para viver no cenário da pandemia. Na contramão do restante do planeta, é um país de dimensões continentais que tem alcançado rotineiramente recordes de mortes pela doença.
Para qualquer chefe de Executivo, decretar o fechamento do comércio em uma cidade grande como Fortaleza é um desgaste político e social imenso. Incalculável. O decreto não é capricho. É uma necessidade real. As pessoas estão morrendo e o sistema de saúde público e privado no Ceará está prestes a entrar em colapso.
E é claro que há a necessidade da manutenção das empresas, dos empregos para os trabalhadores, de dar condições básicas para a população mais vulnerável sobreviver. E isso tem que ser feito. É uma responsabilidade do poder público. E é nesse momento que Legislativo, Executivo e Judiciário têm a obrigação de encontrar soluções possíveis para esse momento delicado. Está na Constituição.
Não é momento de apontar o dedo e buscar relevância política nas redes sociais com discurso vazio. Se não houver união entre antagônicos diante dessa grave situação, perde-se o sentido maior do fazer política, que é o de ajudar as pessoas.