A disputa interna no PT de Fortaleza para definir a candidatura do grupo em 2024

No centro das atenções para a sucessão em Fortaleza, o Partido dos Trabalhadores vive um impasse sobre o nome que anunciará como aposta para a disputa

Legenda: O PT tenta retomar o comando do Paço Municipal
Foto: Thiago Matine

Partido do presidente da República e do governador do Estado, o PT já bateu o martelo de que terá candidatura própria na eleição para a prefeitura de Fortaleza em 2024. O que está longe de ser consenso, no entanto, é o nome petista que vai liderar o grupo para a sucessão do prefeito José Sarto (PDT) ao Paço Municipal. 

Nos bastidores, a disputa está quente. Com três nomes lançados, Luizianne Lins, Larissa Gaspar e Guilherme Sampaio, a sigla ainda pode receber a filiação de Evandro Leitão como opção para o ano que vem.

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A coluna apurou que nos últimos dias houve troca de nomes do diretório municipal como um esforço para atingir o consenso de dois terços para evitar que a decisão fosse levada para as prévias. O governador Elmano de Freitas (PT) está distante dessa discussão, já que tem militado para que o debate seja adiado para 2024. 

Petistas ouvidos pela coluna, no entanto, apontam que o esforço para "matar" a decisão com dois terços dos membros do diretório foi derrotado – esse grupo era encabeçado por simpatizantes da candidatura do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). 

Na avaliação de um filiado, o tiro saiu pela culatra. "Se alguém estava querendo dar o golpe, foi fracassado", disse. "Eles acham que o PT funciona igual aos outros partidos", declarou. 

Nesse cenário de embate e indefinição, a legenda deve anunciar nos próximos dias que o encaminhamento será jogado para os momentos finais dos prazos eleitorais. Na avaliação de alguns petistas, há uma diferença grande entre a tomada de decisão através de consenso e nas prévias. 

Isso é explicado por uma resolução do PT nacional em que considera com poder de voto os petistas filiados até 8 de julho de 2023. A decisão acaba limitando a força de novos integrantes do partido que cheguem depois dessa data e que tenham intenção de candidatura – com é o caso de Evandro Leitão. 

Por outro lado, correligionários ouvidos pela coluna asseguram que o nome não está definido ainda e que a prioridade é encontrar uma unidade em torno do governador Elmano. 

"Não há interesse em rachar a base do Elmano", disse um petista histórico. Para ele, o nome é o que menos importa nesse momento. O petista reforça que a legenda precisa aprovar a tese da candidatura própria e depois conversar com os partidos aliados: como PP, MDB, PSD, PSB, Republicanos, entre outros. 

O que está claro é que não há força consolidada em torno de um nome no partido. As correntes precisam conversar e encontrar um acordo para fortalecer uma pré-candidatura. 

A disputa está entre a deputada federal Luizianne Lins e o presidente da Alece, Evandro Leitão. Embora ele ainda não tenha se filiado ao PT, há bons indicativos nos bastidores de que esse seja o destino do parlamentar – tendo em vista a proximidade com o ministro Camilo Santana (PT). 

O fator Elmano 

Quando se fala em eleição, não é todo mundo que gostaria de estar na pele do governador. Se por um lado, Elmano tenha uma relação de amizade e parceria de décadas com a ex-prefeita Luizianne Lins, por outro tem uma "dívida" com o ministro Camilo Santana (PT) por ter "bancado" o seu nome para a sucessão estadual no ano passado. 

Tomar partido por uma candidatura em detrimento de outra, nesse momento, só vai desgastar um gestor que ainda precisa se consolidar como liderança estadual. 

Em meio a isso, Elmano não tem o perfil de ficar em cima do muro em uma disputa eleitoral. Longe disso. No entanto, inteligente que é, não vai colocar a carroça na frente dos bois em um cenário tão espinhoso como é o do PT neste ano.



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