Marcelo Negrão detalha preparação e desafios do Norde Vôlei para a Superliga B
Técnico e idealizador do time cearense concedeu entrevista ao Verdinha Notícias
O treinador Marcelo Negrão e o jogador Rafael Barros do time de vôlei Nord Vôlei, representante cearense na Superliga B no Masculino, foram os convidados do Verdinha Notícias, da TV Diário, no último dia 11. Eu entrevistei ambos ao lado do apresentador Alânio Pereira.
A entrevista abordou o desenvolvimento do projeto do Norde desde sua fundação, a montagem do elenco com jogadores experientes e os desafios financeiros e de infraestrutura da equipe para a Superliga B. Além disso, são mencionadas as expectativas para os torneios preparatórios em outubro até o início da competição e a importância do apoio da torcida cearense para o sucesso do time.
Marcelo Negrão é um jogador histórico do volêi brasileiro e mundial e foi uma prazer entrevistá-lo. O vi jogar e está na minha memória o ouro olímpico com a Seleção Brasileira em Barcelona, em 1992. Eu tinha 12 anos e aprendi a gostar de vôlei com aquela seleção, de Negrão, Tande, Maurício e o técnico José Roberto Guimarães.
Assim é uma honra ter Marcelo Negrão no esporte cearense, primeiro, treinando o Cuca Vòlei, também no masculino na Superliga B, e fundando no Norde Volei em 2024 e já conquistando título da Superliga C.
Na temporada 2024/2025, o time ficou em 3º lugar na Superliga B e agora se prepara para a disputa de 2025/2026, com o objetivo de subir para a Superliga A.
A equipe manteve a base do time que fez boa campanha na última Superliga B e trouxe reforços. Ao todo, 15 atletas formam o elenco que vai em busca de uma vaga na elite do voleibol nacional.
As competições amistosas serão em Goiânia e Joinville, respectivamente. A primeira ocorre entre os dias 2 e 4 de outubro e a segunda de 15 a 19 do mesmo mês. Os torneios terão quatro participantes cada. Os anfitriões serão dois times da Superliga A: Saneago Goiás Vôlei e Joinville Vôlei. Os outros participantes ainda serão anunciados.
Vamos aos pontos da entrevista
-
Desafios em criar um time no Nordeste
"Eu fui desafiado. Me falaram que jamais um time do Nordeste iria conseguir uma classificação para primeira divisão (Superliga A), e que eu jamais ia conseguir montar um time profissional no Nordeste e hoje já estamos indo pro segundo ano por pouco muito pouco o ano passado nós não conseguimos o acesso e esse ano a gente vai em busca desse acesso."
-
Sucesso no início do projeto
"No nosso início do projeto, conquistamos 100% de todas as metas que a gente queria. Foi Até 120% eu diria. O projeto atingiu a meta que era subir da C para B, se manter na B, mas quase subimos para a A. O time foi montado muito rápido, em apenas dois meses. Contratar esses atletas de alto rendimento em dois meses é muito pouco tempo e muito pouco tempo para treinar. E nós começamos esse projeto do zero não tinha bola, não tinha rede, nem quadra. E eu comecei tudo exatamente do zero comprando todo o material e indo atrás do local para treinamento, montando toda uma estrutura e nós conseguimos e ir para uma Superliga C e ganhar, já tendo esse acesso pra Superliga B. Foi mérito dos jogadores, de toda a equipe técnica que se empenhou e por muito pouco não conseguimos subir para a Superliga A. A estrutura está muito melhor então queremos dar uma passo adiante e nos manter numa Superliga A por muitos anos, que é o principal objetivo do projeto."
-
Nível do elenco para um acesso
"Esse ano eu contratei jogadores de nível A pra gente já conseguir esse acesso para a Superliga A. Esse foi o pensamento, em trazer jogadores mais experientes, jogadores mais rodados. Temos o Rafa que jogou na na Superliga A vários anos, estava no Praia Clube jogando no alto rendimento, o Rodrigo que é um levantador super mega experiente tava jogando no Sada/Cruzeiro, que acabou de ser campeão brasileiro. Então o time está muito focado, com jogadores muito experientes pra gente realmente buscar esse acesso. Foi uma melhora de elenco em relação ao nível dos adversários."
-
Nível dos adversários
"A gente tem hoje pela frente de três a quatro adversários que tem um nível de estrutura muito parecido com o nosso, de investimento. Vamos treinar para justamente se superar dentro de quadra. É lógico que eu aposto muito na nossa equipe pelo nível de jogadores. Será um campeonato muito parelho, muito equilibrado e realmente vamos buscar uma dessas duas vagas."
-
Torneios preparatórios
Infelizmente eu ainda vou mudar essa cultura. Aqui não tem um campeonato estadual e geralmente os campeonatos de alguns estados onde estão a maioria dos times da Superliga é muito forte. O Campeonato Paulista e o Campeonato Mineiro são muito fortes. Então a gente aqui fica sem campeonatos locais e sem torneios de alto nível. Outros times de outros Estados também sofrem e se juntam para realizar um torneio. Ficar só treinando e treinando não é a realidade. Uma coisa é treinar, embora os treinamentos sejam muito fortes, o nível muito alto mas você precisa jogar. Precisa ter o árbitro ali valendo mesmo, preciso ver a reação de cada um jogando, botar a camisa de jogo é diferente. Faremos dois torneios, um em Goiás e outro em Joinville. A gente vai criar a Copa Nordeste, que deve ser no comecinho de novembro."
-
Em busca de mais patrocínios
"Não é fácil montar uma equipe competitiva. Todo dia é temos reuniões com o departamento de marketing que corre atrás, eu que corro atrás todo dia praticamente. Converso com um ou com outro empresário aqui. Ainda não temos o apoio da Prefeitura. A única coisa que a gente tem é o apoio do Governo do Estado que cede o o piso pra gente jogar, que é o piso especial de voleibol, mas financeiramente falando nada. Eu tenho os patrocinadores que são de pessoas que eu conheço que me conhecem da época que eu era jogador, que me admiram tal e estão apoiando essa minha ideia de realmente ter um time aqui profissional. Temos uma empresa local que está ajudando com o plano de saúde dos jogadores. É o único empresário aqui local de Fortaleza, do Ceará. E olha que se eu não me engano, tem mais de 10 bilionários aqui em Fortaleza. Imagina só, o bem que a gente não tá fazendo, trazendo o esporte de alto rendimento para cá. Espero ter uma reunião com Prefeito de Fortaleza. É um time que representa a cidade. Todos os times no Brasil inteiro tem apoio das Prefeituras. Então eu tô nessa luta, mas eu não vou desistir".