Salim Mattar: 'Brasil amarga legado de 35 anos de social-democracia'

Em evento do Lide, empresário criticou tamanho da máquina pública e falta de ímpeto entre políticos para mudar o cenário

Legenda: Evento híbrido foi promovido pelo Lide Ceará
Foto: Divulgação

“Acordo todos os dias da minha vida indignado e inconformado”. Assim o empresário, fundador da Localiza, e ex-secretário de desestatização do Governo Federal iniciou sua fala no debate com empresários cearenses do Lide Ceará (Grupo de Líderes Empresariais), realizado hoje (22), em Fortaleza.

Estes sentimentos, segundo ele, são despertos pela situação econômica e social do País e pela vontade de transformar este cenário.

Mattar ficou 19 meses no Governo Bolsonaro, juntamente com Paulo Uebel (ex-Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia), outro palestrante convidado do Lide.

“Conheci a máquina pública por dentro, conheci as entranhas do poder. Vi a ameba de perto”, diz Salim Mattar, ao que complementa expondo que ficou “horrorizado” com o que viu no Governo, ao ponto de, após sua saída, não querer mais retornar à empresa que fundou, no ramo de locação de veículos.

“Não tenho coragem de voltar pro meu negócio. Se eu simplesmente voltasse, nem conseguiria dormir. Quero dedicar tempo e energia para disseminar as vantagens do ideário do liberalismo”.
Salim Mattar
Fundador da Localiza e ex-secretário de desestatização do Governo Federal

'Bagunça institucional'

Mattar critica com veemência a ausência de ímpeto no mundo político para otimizar e baratear o funcionamento do Estado e afirma que o Brasil vive hoje uma “bagunça institucional”, na qual todos os entes envolvidos (STF, Governo Federal, Congresso) têm parcelas de responsabilidade.

“São todos culpados. No mínimo, incivilizados por agirem desta forma”, avalia o empresário, que contou ter aceito o convite do ministro Paulo Guedes para integrar o Governo por ter enxergado a possibilidade de ser parte de um momento de ruptura ou, nas suas palavras, “breakthrough”.

Social-democracia

Ao listar uma miríade de problemas com os quais se deparou quando estava no Governo e outros que persistem até hoje — como o corporativismo, o inchaço do judiciário e a resistência às reformas econômicas e às privatizações —, Salim Mattar atribui este conjunto gigantesco de gargalos “aos 35 anos de governos da social-democracia”. 

Neste bolo, ele inclui todos os presidentes da República desde a redemocratização (José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro), embora pondere que uns estiverem mais à esquerda e outros mais à direita ou ao centro.

Ele defende que a única maneira de o País se desamarrar deste legado é romper com tal modelo, por meio do liberalismo.

Paulo Uebel afirma que um dos caminhos para mudar esta realidade é o maior engajamento de gente comprometida no setor público.

Ele enumerou uma cesta de medidas de estímulo que podem acelerar o crescimento econômico do País em 2021 e 2022, como o as concessões de equipamentos de infraestrutura e marcos regulatórios que prometem atrair investimento privado, a exemplo do marco do saneamento.



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