A noite caótica de ontem (10), quando motoristas, em efeito manada — incluo-me entre eles — empreenderam uma corrida maluca rumo aos postos de combustíveis para abastecer com o litro da gasolina a R$ 6 e tantos, provoca, ao mesmo tempo, indignação por estes tempos inflacionários que devoram nossa renda; e saudades do passado recente em que o poder de compra era sensivelmente superior.
Não faz tanto tempo assim. Voltemos 10 anos no DeLorean, que felizmente funciona até à base de cascas de banana e restos de comida. Em 2012, o litro médio da gasolina no Ceará, por exemplo, custava R$ 2,72, quase três vezes menos que a cotação insana de R$ 7,99 que vários postos em Fortaleza já estão aplicando, após o reajuste igualmente colossal da Petrobras. Percentualmente, o litro subiu 193% nesse intervalo de uma década.
Já o salário mínimo, em 2012, era de R$ 622. A remuneração básica subiu, nesse período, 94%, um compasso consideravelmente menor que o do preço dos combustíveis.
Isso ilustra bem o derretimento do poder de compra da população, principalmente nos últimos anos. Convém lembrar que, em 2020, a gasolina custava algo em torno de R$ 4,70 e em menos de dois anos, já ensaia dobrar esse valor, enquanto os trabalhadores veem os seus salários serem atualizados de forma módica - sem contar quando nem reajuste de salário ocorre.
Diante de um presente indigesto e de um horizonte nebuloso, o que resta é olhar nostalgicamente para um passado recente, pós-hiperinflação, em que éramos felizes com o comportamento dos preços e nem sabíamos. Veja as fotos abaixo.