Sabe aquelas pessoas que sempre precisam de um assunto para puxar no elevador a fim de quebrar o silêncio? Calor, chuva, trânsito, política ou qualquer outro tema genérico costumam constar na pauta das conversas fiadas.
Esses locutores inveterados são simpáticos por natureza e não perdem a chance de abrir um diálogo em filas de espera, na padaria, no cartório, no banco ou onde quer que seja.
E eis que tal clã ganhou um novo tema para papear com estranhos: o dinheiro esquecido.
Nesta semana, não se falou de outra coisa. Todo mundo já foi à plataforma do Banco Central (BC) pesquisar se tem alguma graninha perdida. E fazer isso não basta, claro.
O tópico é tão instigante ao ponto de levar cada um a querer saber se o colega de trabalho vai poder sacar algo; tem também gente mandando WhatsApp para aquele primo com quem não fala há um ano, curioso para descobrir a resposta.
Todo dinheirinho é bem-vindo
Mesmo que a quantia não seja significativa, como deve ser na maioria dos casos, a relação com o dinheiro mexe com o imaginário coletivo.
Quando se fala em receber algum montante que não estava nos planos, isso se torna ainda mais fervoroso.
Ativa-se aquela sensação prazerosa semelhante a quando encontramos inesperadamente uma surrada cédula de R$ 5 no bolso de uma calça. Os R$ 5 não mudarão nossa vida nem quitarão nossos boletos, mas, de toda forma, o achado causa animação.
No caso dos valores a receber do BC, o furor embute também um elemento econômico. Em meio ao quadro de severa inflação e esmagamento da renda, qualquer dinheiro é bem-vindo.
Pena que 80% das pessoas que pesquisaram receberam um não.