Condomínios enfrentam inadimplência recorde e evitam cobrar cotas extras

Falta de pagamento das taxas de condomínios atingiu 17% em 2022, crescimento acelerado em relação a 2021

Foto: Gustavo Pellizzon

Pesquisa realizada pela Apsa — administradora de condomínios que atua em várias capitais brasileiras, incluindo Fortaleza — aponta que a inadimplência no pagamento das taxas condominiais, em 2022, foi a maior já registrada.

A taxa atingiu, na média, 17% no ano passado, uma alta substancial em relação ao ano de 2021, quando havia sido de 12%. O estudo considerou mais de 2,7 mil condomínios no Brasil.

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Segundo especialistas do setor, os principais motivos que explicam o aumento da inadimplência nos condomínios são o aumento dos juros — a taxa Selic saltou, entre 2021 e 2022, de 2% para 13,75% — e o empobrecimento da população, influenciado pela pandemia. Esse cenário vem tirando o pagamento das cotas condominiais das prioridades financeiras das famílias.

“A pandemia arrefeceu, mas a perda de renda e o endividamento das famílias continuam e isso se reflete diretamente na inadimplência das cotas condominiais. Outro fator que colabora para que isso aconteça é a questão do juro, que é muito menor nas cotas quando comparamos aos do cartão de crédito, por exemplo. Então se a pessoa tiver que escolher entre quitar o cartão para poder comprar itens básicos ou pagar o condomínio, provavelmente vai ficar com a primeira opção”, ressalta o gerente de Negócios de Condomínios da APSA, João Marcelo Frey.

Cotas extras

O levantamento apurou também que, por conta desse cenário desafiador, o número de cotas extras emitidas pelos condomínios foi reduzido durante o ápice da pandemia.

Muitos condomínios seguraram obras e melhorias para priorizar a redução de custos e evitaram até a convocação de assembleias para esse tipo de deliberação.

Com a melhora no cenário pandêmico, parte das obras vem sendo retomada, gerando a emissão de cotas extras, o que também pode estar colaborando para o aumento da inadimplência.

Segundo a pesquisa, a maior taxa de inadimplência verificada no ano passado, de 25%, está concentrada nos condomínios cujas taxas são de até R$ 500.

“Essas são as pessoas que mais vêm sofrendo com desemprego e perda de renda e, por isso, a inadimplência acaba sendo mais alta entre essa parcela da população”, comenta João Marcelo.

Conforme a Apsa, "a falta de pagamento das cotas compromete radicalmente o funcionamento das unidades, sejam elas de moradia ou comerciais, já que é com esse dinheiro que os síndicos e gestores pagam os salários dos funcionários, limpeza, segurança, água e energia".

 

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