Um clássico-rei sem poupança

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Machuca e Richardson estão entre os principais destaques do Clássico-Rei
Foto: Ismael Soares / SVM

Há muita coisa para contar. Que atletas, na história, disputaram o primeiro clássico-rei? Deve haver registro no Almanaque do Clássico-Rei, obra do pesquisador José Renato Sátiro Santiago Jr. Porém, aqueles privilegiados atletas jamais poderiam imaginar a dimensão que tal disputa alcançaria com o passar dos anos. O primeiro clássico-rei que eu vi foi em setembro de 1956. O Leão ganhou (4 x 2). Mas o que me impressionou foi o goleiro do Ceará, Ivan Roriz. Apesar de sofrer quatro gols, fez belas defesas. Tornei-me fã do Ivan. Notável goleiro. Hoje, não quero acreditar em “poupança”. Não admito clássico-rei com poupança. Clássico-Rei é para cada competidor mandar a campo o melhor do melhor. Além disso, o jogo de hoje é especial. Embora válido pela Copa do Nordeste, os treinadores terão oportunidade única, visando ao estudo das equipes antes da decisão do Campeonato Cearense. É fato que já se conhecem do clássico-rei anterior, que terminou empatado (3 x 3). Mas cada clássico tem as suas próprias peculiaridades. É uma história isolada, contada em noventa minutos e acréscimos. O desfecho nem o roteirista sabe. Sai quentinho, na hora, como pão em padaria. 

Soberba 

Na Copa do Nordeste, o Fortaleza é vice-líder do Grupo B. O Bahia é líder com 12 pontos. O Leão é o segundo, com oito pontos. A campanha do Bahia é ótima, mas andou pecando pela soberba. Na segunda rodada, no Albertão, em Teresina, imaginou que ganharia do River, quando bem entendesse. Deu-se mal. O River ganhou (1 x 0). 

Situação 

As perspectivas do Fortaleza na Copa do Nordeste são muito boas. Hoje, enfrenta o Ceará no Castelão. Sábado próximo, recebe o Vitória também no Castelão. E fecha a sua participação na fase classificatória, enfrentando o Maranhão no Estádio Castelão, de São Luiz. Tem amplas condições de passar para a fase eliminatória. 

Desatenção 

O Ceará andou negligenciando demais na Copa do Nordeste. Foi inadmissível o empate com o ABC, no Castelão, após abrir uma vantagem de 2 a 0. Entretanto, observei acentuada melhora na produção alvinegra nas semifinais do Campeonato Cearense. Os jogos diante do Ferroviário revelaram um Ceará mais maduro, mais sabedor de seu papel.  

Ritmo 

No jogo passado, observei também o Ceará trabalhando com mais velocidade. Em determinados momentos, deu para perceber nitidamente uma boa automação, máxima com a participação de Aylon, Guilherme Castilho, Lourenço e Erick Pulga. O clássico-rei será de suma importância para Vagner Mancini tirar algumas conclusões.  

Diferença 

O Fortaleza é um time pronto. Tem uma base mantida nos últimos anos, sob o mesmo comando, a mesma filosofia, o mesmo objetivo. Portanto, precisa apenas de alguns ajustes, dependendo do tipo de adversário. O Ceará, pelo contrário, ainda está em formação. Vem avançando de forma gradual. Mas, como disse o técnico Vagner Mancini, a camisa alvinegra tem significativo peso nas decisões.