O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, inovou no tocante à contratação de treinadores para dirigir a Canarinho. De uma lapada só, contratou dois. Estou chocado. Um brasileiro e um italiano. Um interino, Fernando Diniz; o outro, apalavrado, Ancelotti. Onde já se viu isso? É o “faz de conta”. Como brasileiro, pentacampeão mundial, fico envergonhado com tamanha ridicularia. Insensatez no mais alto grau. Vida que segue. Em setembro, completo 58 anos de profissão. Imaginei que já havia visto de tudo no futebol. É morrendo e aprendendo. Faltava esta lição de sapiência dada pelo alto comando da CBF.
Na era do mundo digital, criou uma espécie de função de treinador à distância. A orientação poderá acontecer com o uso de um joystick, instalado na sala de Ancelotti no Real Madrid. Aqui, Fernando Diniz dirigirá a Seleção Brasileira no modelo tradicional, olho no olho. Acho tudo isso muito confuso. Então quer dizer que, até a Copa América de 2024, Ancelotti não dirá um pio? Até lá, Fernando Diniz dará as cartas. Depois, entregará seu posto ao legítimo dono. E se Diniz tiver conquistado tudo? Entregará o cargo assim mesmo? Realmente, Ednaldo Rodrigues é um inovador...
Situações
Agora é hora de simular situações decorrentes deste novo modelo de comando técnico adotado pela CBF. Se Fernando Diniz ganhar tudo, como a torcida admitirá a sua saída? Ele estará respaldado pelo êxito de seu vitorioso trabalho. Se, porém, perder alguns jogos seguidos, será mandado embora como normalmente acontece por aqui.
Intocável
Enquanto isso, em Madrid, acima dos resultados da Seleção Brasileira, estará Ancelotti blindado por um contrato verbal. Quer o Brasil vença, quer o Brasil perca, Ancelotti estará imune às reações da torcida, pois ele é e ao mesmo tempo não é o treinador da Seleção Brasileira. É um caso único no futebol. E só poderia mesmo acontecer em um país chamado Brasil.
Canonização
Pelo visto, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, vê Ancelotti como alguém em processo de beatificação pelo Vaticano. E olhe lá se não estiver imaginando até algo maior, ou seja, uma possível canonização, caso Ancelotti obre os milagres de fazer a Seleção Brasileira outra vez campeã do mundo.
Mérito
Está claro que durante o tempo de sua permanência em Madrid, Ancelotti trocará figurinhas com Fernando Diniz. Aí, caso Diniz obtenha êxito na sua missão, muitos atribuirão a Ancelotti o mérito que é de Fernando. Dirão que o sucesso de Diniz só aconteceu pelo sopro quase divinal do anjo Ancelotti.
Conclusão
Aos torcedores cabe esperar para ver até onde vai esta inovadora experiência da CBF. Um técnico verdadeiro e um técnico virtual. Um olhando de perto; outro olhando de longe. Um de forma presencial; outro via joystick. Um pegando pesado no Brasil; outro pegando leve na Espanha. Um, na real; outro, no Real.
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