Eu tive a felicidade que poucos cronistas esportivos tiveram: acompanhar a Seleção Brasileira, desde sua primeira conquista mundial na Copa de 1958, na Suécia, aos dias de hoje. O auge e o declínio. A glória e o vexame. As vitórias e as frustrações.
Vi, no velho PV, Pelé e Garrincha no auge. Garrincha, em 1954, pelo Botafogo, quando perdeu para o Calouros do Ar (1 x 0). Pelé, em 1959, pelo Santos, no empate com o Fortaleza (2 x 2). Pelé fez os dois gols do Santos.
Havia uma magia, um encanto, naquela Canarinho. O país parava quando o Brasil jogava, mesmo que fosse um amistoso. A Seleção Brasileira passou a ser um símbolo nacional, embora não oficial. Os títulos mundiais foram consequência da genialidade.
Hoje, a Canarinho já não fascina. Nas atuais eliminatórias, o Brasil não vence há quatro jogos. Empatou (1 x 1) com a Venezuela na Arena Pantanal, perdeu (2 x 0) para o Uruguai no Estádio Centenário, perdeu (2 x 1) para a Colômbia em Barranquilla e perdeu (0 x 1) para a Argentina no Maracanã.
A fase é muito difícil. Para quem, como eu, viveu a era de ouro de Pelé e Garrincha, fica muito difícil aceitar e entender 22 anos sem um título mundial.
O empate (1 x 1) com a Venezuela na Arena Pantanal foi um sinal de alerta. Amigos, na Venezuela o esporte de preferência nacional é o beisebol. Em 1981, estive em Caracas. Lá, as crianças brincavam nas ruas com tacos de beisebol, no lugar dos rachas de futebol que a gente já via aqui no Brasil.
É verdade que, de 1981 até hoje, muita coisa mudou. A Venezuela melhorou seu futebol. Já exporta jogadores para times brasileiros. Está aí o ótimo e jovem atacante Kervin, de apenas 19 anos, brilhando no Fortaleza. Mas, mesmo assim, com todo o respeito, não deveria ser obstáculo para a Seleção Brasileira.
Hoje, às 22 horas, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, o Brasil terá a obrigação de ganhar do Equador. Na situação em que se encontra, sexto colocado, uma derrota criará um ambiente bem desfavorável à continuidade do trabalho de Dorival Júnior. Ficar atrás de Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Equador é uma vergonha.
Observa-se a presença de jovens jogadores na atual Seleção Brasileira. Dorival Júnior volta a colocar juventude com Rodrygo e Endrick, já escalados. Também deverá acontecer a estreia de Estêvão. Enfim, uma maneira de estabelecer a participação de jogadores que, em seus clubes, estão mostrando futebol de alto nível.
Não se admite a Seleção Brasileira correr algum risco de eliminação, numa competição que oferece seis vagas diretas para a Copa do Mundo. Pela história e conquistas, o Brasil tem de, no mínimo, ficar nos três primeiros lugares. Se for para a repescagem já será uma desmoralização.