Desde criança, passei a acompanhar pelo rádio o Vasco da Gama. Não havia transmissão pela televisão. Meu tio, José Maria, morava no Rio. Ele me mandava revistas e fotos do time do Vasco.
Pikachu foi para o Vasco. Acompanhei toda a trajetória dele. Lateral, ala, ponta-direita, meia. Goleador. Tudo. Mesmo dando show, jamais foi lembrado por treinadores da Canarinho. Os “sábios” técnicos sempre o ignoraram.
Quando Pikachu veio para o Fortaleza, eu sabia que faria bonito. Brilhou tanto que, em 2022, foi contratado pelo futebol japonês. Mas aqui era o seu ninho. No retorno, não rendeu bem. Disseram que ele havia deixado seu futebol no Japão. Em pouco tempo, porém, Pikachu deu a resposta. Voltou ao melhor do melhor.
Hoje, Pikachu é lateral, ala, ponta-direita. Qual a posição dele ao marcar o gol da vitória sobre o Corinthians? Centroavante. Mesmo tão bem, não foi surpresa para mim a sua ausência na lista de Dorival Júnior.
Ora, se não tinha sido chamado quando estava na vitrine do Rio, iria ser chamado agora, integrante de um clube nordestino...
Discriminação existe. Injustiça também.
Esperança
A esperança de Pikachu fazer parte da lista do técnico Dorival Júnior decorria de uma vantagem: Dorival trabalhou no futebol cearense. Foi técnico do Fortaleza. E, depois, já mais recente, o Ceará o tirou do ostracismo. O Ceará o ressuscitou. Daí para o Flamengo. E agora técnico da Canarinho.
Mesma coisa
Dorival Júnior cometeu o mesmo erro dos seus antecessores. Não olhou para os lados de cá. Se olhou, fingiu que não viu. Poderão alegar que Pikachu já está com 32 anos de idade. Ora, o que vale não é a faixa etária. O que vale é o futebol do momento. Mais uma vez, Pikachu injustiçado.
Sempre assim
Houve uma época em que o zagueiro Ronaldo Angelim estava no auge. No Icasa, no Ceará e no Fortaleza, Angelim estava dando aulas de futebol. Brilhava como um Bellini, um Elias Figueiroa, um Mauro Ramos. Também foi ignorado e injustiçado pelos técnicos da Seleção Brasileira.
Espanto
Ronaldo Angelim somente passou a ser visto e aplaudido, quando, já no Flamengo, foi elogiado pelo atacante Ronaldo Nazário, o fenômeno. Ronaldo disse que Angelim era o melhor zagueiro do Brasil. Angelim teria sido descoberto, então, tarde demais. Desculpas amarelas.
Incômodo
Não se iludam se, daqui para frente, as coisas se voltarem contra o Fortaleza. Para os grandes, o Leão é um intrometido que poderá barrar pretensões de cariocas e paulistas. Vi muito bem o que aconteceu com o Ceará na final da Copa do Brasil de 1994 em Porto Alegre. Eu estava lá. Uma arbitragem tendenciosa. O Grêmio foi campeão.
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