O milagre da sobrevivência

Ceará e Fortaleza seguem em ação. Tem decisão do Campeonato Cearense e a Série A do Campeonato Brasileiro pela frente. Então, a receita entra. Sim, e os demais clubes? Que empresa pode passar um semestre desativada sem chegar à inadimplência e, posteriormente, à falência? Pois no futebol há os sobreviventes. Times que arquivam camisas e calções, chuteiras e meiões. E aguardam, numa incrível hibernação, a passagem do inverno futebolístico. Aguardam para voltar quando houver tempo adequado para a vida normal. E, em janeiro, lá estão eles, fazendo contratações. Assim, os times do interior, como Guarany de Sobral, Barbalha, Icasa, Guarani de Juazeiro do Norte... Amigos, "fazer" futebol profissional em cidades que não são Fortaleza requer milagre de Padre Cícero, com ajuda do saudoso Dom José Tupinambá da Frota. Quando o isolamento social obrigou Ceará e Fortaleza a passarem esses quase quatro meses sem calendário, a choradeira foi grande. O comentarista José Wilton Bezerra dizia todo dia no programa: "Se o futebol não voltar já, vão quebrar". Voltou o futebol. Saíram da UTI. Sobreviveram. Sim, e os outros clubes, como ficam?

Importância

Há algum tempo, ouvi muita gente dizer que Osvaldo não suportava um jogo todo, isso e aquilo. Vieram os dois jogos da Copa Sul-Americana. Osvaldo foi o melhor nas duas partidas diante do Independiente, da Argentina, lá e aqui. Agora mesmo, diante do América de Natal, em Salvador, Osvaldo entrou aos 16 minutos do segundo tempo. E foi o melhor em campo.

Centroavante

Pense numa posição que tem dado dor de cabeça ao Ceará. Depois de Magno Alves e Mota, veio Arthur Cabral que teve rápida passagem, mas fez sucesso. A cadeira de ídolo nessa posição está vazia. E, pelo visto, ainda vai demorar um pouco a aparecer o legítimo sucessor. Hoje em dia um ídolo centroavante é joia rara.

Incógnita

O padrão das competições que voltaram ainda não pode ser avaliado corretamente. A fase é de adaptações. Alguns times estão com três jogos. Outros estão estreando agora. O América de Natal fez seu primeiro jogo contra o Fortaleza. Enfim, há muita prudência por parte dos atletas. É visível o medo de lesões.

Vou recorrer ao comentarista Wilson Bezerra, que adora estudar com rigor os modelos táticos. Quase três times em campo. Os vinte e dois jogadores iniciais, mais dez que entram. Tudo parecido com os rachas da pracinha da Gentilândia nos velhos tempos.

Comentei o jogo Ferroviário 0 x 0 Caucaia no qual houve nove substituições. No jogo Fortaleza 3 x 1 América de Natal, houve 10 substituições. Confesso que fico meio atônito, querendo analisar as consequências táticas de tanta mudança. Acho horrível.