O Fortaleza da casinha na Gentilândia

Confira a coluna desta quinta-feira (31)

Legenda: O Fortaleza volta jogar na Arena Castelão
Foto: KID JUNIOR

Que satisfação terei se o Fortaleza garantir uma vaga na fase semifinal da Copa Sul-Americana. Será um evento que nunca imaginei ser possível. Na década de 1960, eu vi o Fortaleza tendo como sede uma modesta casa alugada na Rua Júlio César, a dois quarteirões do PV. O terreno, onde hoje está a sede no Pici, já havia sido comprado, mas a sua utilização era limitada. Na época, o Leão tinha uma equipe muito forte. Sagrou-se vice-campeão da Taça Brasil de 1960, competição que era o Campeonato Brasileiro. Na formação titular, estavam Pedrinho Simões, Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Ninoso; Moésio, Valter Vieira, Benedito, Charuto e Bececê.

Desse grupo, vivinho da silva está o goleiro Pedrinho Simões (85 anos). Ontem, pelo telefone, conversei com ele. Pedrinho torce para ver o Fortaleza na final da Copa Sul-Americana. Tomara. Se confirmar a passagem para a penúltima etapa da Copa Sul-Americana, o Fortaleza ganhará força moral suficiente para acreditar mais. Ousar mais. Crescer mais. Vencer mais. Para mim, como cronista esportivo há 58 anos, parece quimera ver a diferença entre o Fortaleza da casinha alugada na Gentilândia e o gigante Fortaleza de hoje.  

 

Internacional 

 

O Fortaleza, antes de qualquer conquista internacional, já se internacionalizou na sua própria formação. Aí estão os argentinos Brítez, Pochettino, Silvio Romero, Escobar, Lucero e o treinador Juan Pablo Vojvoda. Isso, de certo modo, tem grande valia nas disputas da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana. Jogadores bem experientes nesses tipos de competição. 

 

Padrão 

 

Na minha avaliação, o Fortaleza tem condições de enfrentar qualquer equipe das Américas. Seu favoritismo no jogo de hoje é fruto do que plantou nas rodadas anteriores. O Leão tem uma capacidade de recuperação invejável. Quando perdeu quatro jogos seguidos, logo se anunciou uma possível crise. A resposta veio com três vitórias seguidas. 

 

Empolgação 

 

O Castelão receberá logo mais uma multidão de tricolores. Aí eu volto a pensar na casinha alugada da Rua Júlio César na Gentilândia. Já naquela época, a torcida do Fortaleza era enorme. Lotava o PV. Hoje não cabe mais no PV. Não cabe mais no Castelão. O time cresceu em todas as dimensões. Justo motivo para a empolgação. Que reviravolta esse time deu de 2018 para cá! 

 

Inacreditável 

 

Nem dá para pensar que o Fortaleza, gigante de história e tradição, passou oito anos de humilhações na Série C. Agora já está completando cinco anos de Série A. Cinco anos de elite. Além disso, com frequência na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana. A pergunta é: como pode um time com tamanha força ter passado oito anos na Série C? Não há explicação.  

 

Conclusão 

 

É na dor e no sofrimento que se aprende a superar os dramas da existência humana. Nos estadinhos por onde atuou na Série C, o Fortaleza aprendeu a não se perpetuar nas dimensões menores. Aí encontrou, na mística daquelas camisas, a energia que o levou de volta às grandes conquistas. Aliás, belas conquistas que começaram quando ainda tinha por sede a casinha na Gentilândia. 

 

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