Memórias de um Clássico-Rei inesquecível

O jornalista Tom Barrros relembra partidas entre Ceará X Fortaleza que marcaram época no futebol cearense

É impossível colocar numa coluna tudo o que vi em 61 anos de acompanhamento do agora Clássico-Rei Centenário. Relataria clássicos inesquecíveis, mas, como o espaço não permite, escolhi três que foram além da imaginação. Em 1974, incrível. O Fortaleza, para ser campeão estadual, tinha que ganhar três vezes seguidas do Ceará. O Vozão, pela vantagem, estava convicto de que tão privilegiada situação jamais seria suplantada. Mas foi. Três vitórias incontestáveis do Leão e o justo título. Em 1978, o tetra do Ceará em jogo memorável. Um título gigante, conquistado com o gol de um Tiquinho de gente. Tiquinho entrou para a história do clube. Até sua morte em 2009 alimentou-se e viveu desse gol. É um dos títulos mais lembrados pelos torcedores alvinegros. O gol de Tiquinho, nos minutos finais, não permitiu nenhuma reação tricolor. Em 2015, o título do Fortaleza, campeão cearense. O gol de Cassiano, nos acréscimos. Ora, 45 minutos do segundo tempo, o título estava em Porangabuçu com o gol de Assisinho. Mas o que ninguém imaginava aconteceria aos 49 minutos. O título foi direto para o Pici, gol de Cassiano. Um gol que nocauteou todo o time alvinegro.

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O primeiro

Ano 1957. Pela primeira vez vejo no PV um Clássico-Rei. O PV acanhado, com alambrado baixinho, de madeira. Arquibancadas também de madeira, exceto o setor em que estavam apenas duas cabides de rádio. Minha lembrança maior foi ver o Ivan Roriz, goleiro do Ceará, com seu uniforme todo preto, número um branco às costas. Nem lembro o placar. Na minha visão de criança, o PV era um Maracanã.

Elegância

No Clássico-Rei, a figura lendária do saudoso Alexandre Nepomuceno, zagueiro do Ceará. Uma postura impecável. Primava pelo elegância no trato com a bola. Chamado de o Grande Capitão alvinegro, ele sabia se impor como poucos.

Diferença

Legenda: "Baixinho" Clodoaldo ganhou até música quando defendia o Leão pelos gols no rival alvinegro
Foto: Kiko Silva/arquivo

Nos últimos trinta anos, ninguém ornamentou tanto o Clássico-Rei quanto Clodoaldo, o baixinho bom de bola. Um artista que fazia a diferença. Clodoaldo foi genial. O mais importante: era frio. Nervos no lugar. O mundo poderia desabar, mas o Clodô tinha total controle da situação. Quantos gols, com toques sutis, fez no Ceará. Na história do Clássico-Rei, um capítulo especial para Clodoaldo.

Quando escrevo sobre Clássico-Rei não posso deixar de falar de Gildo Fernandes de Oliveira, maior ídolo alvinegro de todos os tempos. Ele sofria forte marcação de Zé Paulo (Touro do seu Tobias), vigoroso zagueiro tricolor. Os dois travaram duelos excepcionais. Dava gosto ver a disputa entre Zé Paulo e Gildo. Dois gigantes em ação.

Outro nome do Clássico-Rei que lembro com saudade é Croinha, centroavante do Fortaleza. A defesa do Ceará padecia na tentativa de tentar parar este centroavante. Quase sempre ele deixava a marca de seu talento na redes alvinegras. Croinha era muito tímido. De boa estatura, uma de suas virtudes era a conclusão de cabeça.