Lágrimas de um Ceará campeão

Leia a coluna de Tom Barros desta segunda-feira (8)

Legenda: Vagner Mancini, técnico do Ceará, e Lucas Drubscky, executivo de futebol do Alvinegro.
Foto: Fabiane de Paula/SVM

A vitória faz sorrir e faz chorar. O título de campeão emociona. As reações são as mais diversas. O técnico Vagner Mancini, até então duro como uma rocha, cedeu ao pranto. Chorou diante das câmeras de televisão. Ceará, campeão cearense de 2024. Uma vitória apertada, sofrida, nos pênaltis. E, talvez por isso mesmo, mais comemorada. E mais valorizada porque sobre o maior rival, o Fortaleza. E mais festejada porque evitou o hexa que o Leão pretendia. Havia algo preso na garganta dos torcedores alvinegros. Cinco anos sem títulos. Cinco anos de frustração.

E ali, o tudo ou nada. Último pênalti da série. Richard no gol. Machuca pronto para bater. Richard, o herói, defendeu. Richard o nome do título. Claro, todos são campeões. Mas Richard é mais. Muito mais. Esteve sublime, inspirado, iluminado. No primeiro tempo, operou o primeiro milagre, em grande defesa, após conclusão de Sacha. Se gol, poderia ter mudado a história do jogo. Foi o recado inicial de Richard. O dia/noite seria dele. E foi. Dia/noite de apoteose para o Ceará, que mereceu o título invicto. Dia de desabafo. De comemoração. Finalmente, de reencontro com a glória, entre lágrimas e sorrisos. Lágrimas de Mancini. Lágrimas de um Ceará campeão. 

Superação 

O Ceará enfrentou o Fortaleza quatro vezes em 2024. O primeiro jogo no dia 17 de fevereiro, Campeonato Cearense, fase de grupos (3 x 3). O segundo, dia 20 de março, Copa do Nordeste, vitória do Ceará, 1 x 0, gol de Raí Ramos. O terceiro, fase final do certame estadual, no dia 30 de março (0 x 0). O quarto, a decisão, 0 x 0 no tempo normal. Vitória do Ceará 3 x 2 nos pênaltis. 

Avaliação 

Pouco a pouco o time alvinegro foi entendendo que poderia superar o Fortaleza, tido e havido como detentor de um elenco com maiores e melhores opções de banco. A garra alvinegra, porém, equilibrou e foi fundamental para a superação. Jogadores como Érick Pulga, Saulo Mineiro e Richard fizeram a diferença.  

Projeção 

O primeiro objetivo alvinegro foi alcançado: ganhar o título estadual e evitar o hexa do Fortaleza. Mas o principal objetivo exigirá uma aplicação maior: garantir uma vaga na Série A de 2025. O próprio técnico Vagner Mancini admitiu que ainda tem dificuldades ao processar as mudanças no segundo tempo. Esse gesto de humildade será importante para futuras tomadas de decisão. 

Revisão 

A perda do hexa pelo Fortaleza obrigará o treinador Juan Pablo Vojvoda a mudar conceitos e a promover uma revisão nos trabalhos que estão sendo desenvolvidos no clube. De certa época para cá, tornou-se visível a queda de produção da equipe, que perdeu a intensidade. Não mais consegue segurar o ritmo que marcou suas grandes conquistas. 

Sem precipitações 

Não vejo motivos para desespero ou transtorno no Pici. Vejo, sim, a necessidade de uma avaliação profunda a respeito das causas que estão colocando um freio na equipe. Isso poderá ser feito a médio prazo, sem precipitações. Detectar o motivo do parcial declínio será o grande desafio do técnico Vojvoda e do alto comando do clube. 



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