Clássicos do passado e do presente

Leia a coluna desta quarta-feira

Foto: Divulgação

Fui tomado pela emoção ao abrir as páginas do “Almanaque Clássico-Rei”, de autoria do escritor José Renato Sátiro Santiago JR. Um túnel do tempo que traz de volta os primórdios dessa disputa de mais de um século. Venho acompanhando o clássico-rei há 66 anos. Um privilégio de poucos: do velho PV, ainda de alambrados e arquibancadas de madeira, ao moderno Castelão, com o seu imponente modelo Fifa. Aí, pela magia da saudade, descubro, nas páginas da obra, craques da década de 1940 como Hermenegildo e Mitotônio (lendária ala esquerda do Ceará) e Zé Onofre e Belisco, respectivamente goleiro e ponta-esquerda do Fortaleza.

As escalações de cada clássico vão dando a sensação de atualidade, ainda que em épocas nas quais o leitor nem existia. A matéria ganha vida. É um ressuscitar de ídolos e jogadores comuns, trazendo-os de corpo e alma para atuações agora. Assim, Moésio e Mozart retomam seus postos na linha de frente do Leão. Assim, Gildo e Carlito tomam assento no ataque do Ceará. A viagem segue célere. Chega aos tempos de Clodoaldo, o baixinho bom de bola, e Sérgio Alves, o carrasco. E avança. Passado e presente se juntam numa obra primorosa. E imperdível. 

Concreto 

O primeiro Clássico-Rei que eu vi aconteceu no dia 03 de fevereiro de 1957. Eu completaria 10 anos no dia 02 de abril de 1957. Foi uma emoção tão forte que ainda hoje tenho na memória tudo o que vi. Tornei-me admirador do goleiro do Ceará, Ivan Roriz, que fez belas defesas. O Ceará ganhou pelo placar de 3 x 1. Foi uma partida amistosa. 

Oficial  

O primeiro Clássico-Rei válido pelo Campeonato Cearense, que eu vi, aconteceu no dia 02 de junho de 1957. O Fortaleza ganhou pelo placar de 1 a 0, gol de Nagibe. Interessante é que, nesse jogo, o meu vizinho, Zé Mário, atuou como titular na lateral-direita tricolor. Zé Mário foi notável jogador, tendo atuado também pela Seleção Cearense.  

Roteiro sentimental 

Passear pelas páginas do “Almanaque Clássico-Rei” é um roteiro sentimental. O leitor encontra nomes que já não mais faziam parte de sua memória. Por exemplo: Carrapato, ponta-esquerda do Ceará em 1949. Catatau, ponta-direita do Ceará em 1963. Balinha, ponta-direita do Ceará em 1942. O leitor vai revivendo tudo, com data de nascimento, estreia, nos mínimos detalhes. 

Verdureiro 

O primeiro goleiro do Fortaleza que chamou a minha atenção foi Aloísio II, também chamado de Verdureiro. Não sei a razão do apelido. A citação de suas atuações no livro me trouxe recordações das belas defesas que praticou. O nome dele era Francisco Aloísio da Silva. Nasceu no dia 20 de fevereiro de 1935 na cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Estreou pelo Fortaleza em 1954.  

Conclusão 

José Renato Sátiro Santiago Jr, você tem enriquecido a literatura esportiva cearense com tantas obras importantes. Embora tenha nascido na cidade de São Paulo, no dia 13 de setembro de 1970, o seu coração, por laços familiares, sempre esteve entre nós. Merecido, pois, o título de Cidadão Fortalezense, que lhe foi outorgado em 2022, por feliz iniciativa do vereador Eudes Bringel.



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