Em setembro próximo, completarei 59 anos de profissão na radiofonia cearense. Comecei na Rádio Uirapuru em 1965. Desde então, vi muita coisa. É comum um clube entrar em crise. Incomum é o time entrar em crise porque seus dirigentes estão em conflito. Pelo que entendo, os dirigentes deveriam buscar a paz, a harmonia. Mas no Ceará Sporting Club não tem sido assim.
Na cúpula alvinegra estão os desarranjos, fator que em nada contribui para o erguimento da equipe. Pelo contrário, traz um ambiente de incertezas. Conheci pessoalmente muitos presidentes do Ceará. O primeiro que conheci foi José Elias Bachá, então no segundo mandato. Um devotado presidente, exemplo de amor ao clube. Ah, se todos agissem como o grande Bachá. Em primeiro lugar, o clube. Sempre o clube.
Claro que conheci também outros presidentes devotados. Mas escolhi como modelo o Bachá porque ele foi um pacificador por excelência. No seu tempo, jamais aconteceria o que acontece agora, ou seja, uma disputa de interesses não muito claros. Uma disputa purulenta que destrói os bons valores. Decidam: um Ceará unido ou desunido?
A pergunta que mais me fazem é: com o atual elenco o Ceará tem condição de subir? Ora, meus amigos, a pergunta está errada. A pergunta correta é: com o tumulto que está acontecendo no alto comando, o Ceará tem condição de subir? Uma coisa tem tudo a ver com a outra.
O Ceará caiu para a Série B porque na época já havia uma rachadura enorme no pavimento superior. Uma rachadura política que terminou por comprometer o trabalho dentro e fora de campo. Será que ninguém percebeu isso? A avalanche de descontentamento acabou provocando a saída de Robinson de Castro.
As turbulências continuaram após a queda de Robinson de Castro. E continuam até hoje. É bíblico (Mateus, 12,25): “Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”. Pronto: numa linguagem simples Jesus Cristo disse tudo.
Dificilmente, um time cheio de problemas internos consegue subir para a primeira divisão. Acontece, mas é muito complicado. A rigor, os times desorganizados tendem ao fracasso. É natural. Então, vamos aguardar a opção dos homens fortes de Porangabussu. Se persistirem nas disputas purulentas, comprometerão os propósitos do clube. Juízo, senhores! Juízo!
Conclusão
Observem com isenção os 20 clubes da Série A. Os times que caem para a segunda divisão sempre acusam uma gestão nebulosa, cheia de problemas e equívocos. Acontece de uma equipe organizada, sem divisões internas, cair. Mas é uma exceção. A rigor, as rebaixadas são exatamente as contaminadas pelas discórdias.