Todo time que cai para a segunda divisão quer, já no ano seguinte, voltar à elite. É normal. Há alguns anos, era mais fácil tal desiderato. Os chamados grandes times do Brasil, quando eram rebaixados, passavam apenas um ano na Série B. Hoje, a situação está muito diferente. O grande Cruzeiro, de Belo Horizonte, penou três anos no patamar de baixo. Recentemente, o Vasco da Gama passou dois anos na Série B, sem contar os rebaixamentos anteriores. E, agora mesmo, o Vasco luta para não cair de novo. É natural a insatisfação da torcida do Ceará com o atual cenário.
Claro que a projeção feita no início do ano apontava retorno imediato à Série A. Mas a realidade foi mostrando que não era bem assim. Os tropeços em casa, as mudanças de treinador, as hesitações da diretoria e os protestos dos torcedores foram fatores que, somados, não permitiram a criação de um ambiente favorável. A cada insucesso, mais tensões. Assim, a própria torcida foi gradualmente admitindo o fim do sonho de subir. No esporte, é preciso também criar mecanismos para absorver os impactos do fracasso. O que o time não pode perder é a dignidade. Esta terá de ser mantida até o fim. É a missão alvinegra.
O principal esporte praticado na Venezuela é o beisebol. Em 1984, passei dez dias em Caracas, quando fui cobrir para a Rádio Verdes Mares a Copa Libertadores, que tinha o Flamengo e o Grêmio como representantes do Brasil. Quando lá cheguei, observei que os garotos na rua brincavam de jogar beisebol. No lugar das traves, um taco de beisebol à mão. E assim se divertiam.
Na Venezuela, naquela época, o futebol era o terceiro esporte. O primeiro era o beisebol e o segundo era o basquete. Na Libertadores de 1984, que cobri para a Verdinha, narrei a vitória do Flamengo sobre o ULA Mérida (0 x 3) e a vitória do Grêmio sobre o mesmo ULA Mérida (0 x 2). Os jogos foram no Estádio Universitário de Caracas. Os brasileiros passearam em campo.
Agora, com espanto, vejo a Seleção Brasileira, em casa, empatar (1 x 1) com a Venezuela. É natural, pois, a insatisfação do torcedor na Arena Pantanal no Mato Grosso. Apesar de o futebol venezuelano ter evoluído, ainda está longe de chegar ao nível superior da própria América do Sul. Então, o empate da Canarinho com os venezuelanos gerou séria preocupação.
Não gosto quando há um espaço muito grande entre a semifinal e a final, máxime de uma competição internacional. O correto seria, quando muito, um intervalo de dez dias. Nas Copas do Mundo, o intervalo entre a semifinal e a final é, no máximo, de uma semana. Na Copa do Catar foram quatro dias. Na Sula, o intervalo entre a semifinal e a final é de 25 dias. Um absurdo.
Na minha interpretação, quanto mais próximo o tempo entre a semifinal e final, mais real será a disputa. Quase um mês depois, as equipes podem ter passado por significativas modificações. Como continuam jogando em seus países, há o desgaste, além dos problemas de contusões. Quer queiram, quer não, por mais que se diga o contrário, cria-se, sim, uma ansiedade de 25 dias.