A 'Série A' é um atropelo
Confira a coluna de Tom Barros desta segunda-feira, 14 de abril de 2025

Jogo por cima de jogo. Viagem por cima de viagem. Hotel, campo, correria. Pouco tempo para treinar. Um atropelo. Amanhã, às 21:30, no Castelão, o Ceará recebe o Vasco da Gama. Sábado o Vozão estava no Rio Grande do Sul, onde perdeu para o Juventude (2 x 1).
É uma rotatividade louca. O Fortaleza, que ontem enfrentou o Internacional no Castelão, já estará em campo, no Barradão, às 21:30, em Salvador, para enfrentar o Vitória. Já imaginaram o desgaste físico e emocional dos atletas? O que se exige dos profissionais do setor?
A vida de jogador de futebol é estressante. Cobrança, pressão. Torcida fungando no cangote. Imprensa criticando. Disputa dura pela posse da bola. Não tem moleza. E tendo de resolver tudo em noventa minutos, mais os acréscimos. Não consigo aceitar estes atropelos.
O futebol teria melhor qualidade, se o número de jogos fosse menor. Não haveria tanto desespero. Há momentos em que até eu, que sou do ramo, não sei por qual competição é tal partida. É uma loucura, gente.
Lembrete
Há alguns dias, escrevi uma coluna cujo título foi: “Recado aos tricolores e alvinegros: o segundo tempo existe”. Parece que o pessoal do Ceará não assimilou o recado. Mais uma vez, pelo segundo tempo ruim, perdeu um jogo em que poderia pelo menos ter trazido o empate. O Juventude virou e fez a festa na fase final.
Avalanche
Certamente, pelo que coloquei no comentário inicial, ou seja, a pressão e o atropelo de jogo por cima de jogo, os elencos disponíveis não estão conseguindo manter o padrão nas duas etapas. É incrível como a queda de ritmo vem sendo observada. Pior é que, pelo menos no momento, não vejo solução.
Elenco
Para encarar competições paralelas, os times de hoje têm de formar um elenco muito grande e de qualidade para não deixar cair o padrão. Há algum tempo, um elenco com 25 bons atletas daria para cobrir as necessidades. Hoje, não dá. Vai variar de acordo com o número de competições.
Mercado
Quanto maior o número de competições, maior o número de empregos. É verdade. A oferta de postos de trabalho aumentou nos clubes, tanto no tocante ao elenco, quanto na constituição dos departamentos de apoio. Resta saber se o custo/benefício compensa.
Saudosismo
Preferia o tempo em que havia apenas duas competições. Não se trata de saudosismo. É questão de respeito ao profissional do futebol. É verdade que, na Série A, os salários são elevados. A maioria ganha bem. Mas, no tocante a jornadas exaustivas, há uma exploração, sim. Um absurdo.