A CBF e os tormentos corais

Legenda: Time do Ferroviário, depois de muito tempo, vai enfrentar o Porto Velho no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro
Foto: Kid Júnior

O Ferroviário ia enfrentar o Porto Velho em Rondônia, distante daqui 2.857km em linha reta. Com o isolamento social, a CBF mandou o Ferroviário para Goiânia, distante 1.856km, também em linha reta. E lá foi o Ferrão. Com o jogo adiado, pegou a viagem de volta (mais 1.856km). A CBF não teve sequer a responsabilidade de pelo menos evitar aquela inútil viagem, que só fez comprometer o trabalho de preparação dos corais. Aí o Ferroviário veio para o ninho na Barra do Ceará. Tudo bem. Então a CBF marcou o jogo para amanhã, quinta-feira, em Volta Redonda no Rio de Janeiro, distante 2.175,31km, em linha reta. O Ferrão fez toda a preparação, certo de que a partida seria no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Tudo certo? Nada. Engano. Proibiram o jogo lá. É por situações assim que passei a olhar a Copa do Brasil com as devidas reservas. A princípio, o Porto Velho jogaria em casa. Não foi possível. Depois, vieram as mudanças e incertezas. Síntese: agora em São Januário (se não mudarem novamente), o Porto Velho poderá ser mandado embora, invicto, e em um jogo só. Que insanidade, meu Deus... E os times de menor poder de barganha vão aceitando as decisões esdrúxulas que lhes são impostas. 

Desculpa amarela 

Vão querer isentar a CBF, considerando que as proibições são tomadas pelos governos em razão da pandemia. Mas a CBF poderia estar mais atenta, visando a antecipar-se aos fatos. Ora, deixar o Ferroviário viajar a Goiânia, como viajou, sem jogo marcado, foi inaceitável exemplo de desídia. 

Prejuízo 

A incerteza traz grande prejuízo à preparação dos clubes. O planejamento tem sido alterado de última hora, afetando a condição dos atletas. Os deslocamentos aéreos, em trechos longos, também afetam a condição dos jogadores. Nem certame amador passa por constrangimento assim. 

Coincidência 

No escudo do Porto Velho há uma locomotiva Maria Fumaça, símbolo da origem coral. Felizes os que nas décadas de 1950 e 1969 viajaram nos trens conduzidos pela “Maria Fumaça”. Um romantismo inesquecível. O Ferrão era da Rede de Viação Cearense (RVC) que administrava as estradas de ferro do Ceará. 

Otimismo 

Apesar de todos os contratempos, o Ferroviário está muito otimista. A vitória sobre o Ceará pelo Campeonato Cearense deu muita confiança ao grupo que tem bons jogadores. O técnico Francisco Diá conhece. Consegue sempre tirar o melhor proveito dos times sob seu comando.