Esta semana fomos surpreendidos com a notícia de que a vereadora de Fortaleza Larissa Gaspar recebeu ameaças virtuais. As ameaças, direcionadas a ela e sua família, não foram o primeiro ato contra a parlamentar. No último mês de maio, Larissa divulgou em suas redes sociais que uma plenária virtual do seu mandato fora invadida por hackers proferindo palavras misóginas e atacando mulheres.
Larissa é mulher. Em seu segundo mandato, vem fortalecendo seu nome frente às tantas lutas pelos direitos humanos: mulheres, pessoas em situação de rua, LGBTQIA+, defesa da moradia, entre muitas outras.
As ameaças contra ela vieram antes mesmo de nos esquecermos de outro cenário de violência. Poucos dias antes, tivemos uma sequência de notícias de intimidações e xingamentos proferidos contra um padre. O padre Lino Allegri, celebrando uma missa na Paróquia da Paz, foi vítima da ação de um grupo de homens da cidade. O motivo? O sacerdote, em seu sermão, criticou a política nacional de enfrentamento ao coronavírus.
A gravidade do assunto o fez aceitar se inscrever em um programa de proteção aos defensores de direitos humanos. Na última semana, ele voltou à igreja, após uma rápida interrupção em suas celebrações. Padre Lino é um progressista, adepto da teologia da libertação, ele é também coordenador da Pastoral do Povo da Rua.
O que essas ameaças têm em comum? As duas se organizam contra pessoas que defendem os direitos humanos, defendem normas criadas para proteger a dignidade de todos os seres humanos, a nossa condição humana.
Contrariando o senso comum, direitos humanos não são “direitos de bandidos”. Pelo contrário, são o nosso reconhecimento, enquanto sociedade, de que precisamos tratar uns aos outros com respeito e empatia.
A luta pelos direitos humanos é longa. A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Pouco depois, foi publicada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na qual se diz, expressamente, os direitos como à vida, à dignidade e à liberdade.
Dito isto, lhes pergunto: Qual de vocês já se imaginou sem os direitos humanos? Seria possível que vivêssemos plenamente, disfrutando nossa liberdade individual sem um histórico de luta por esses direitos?
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.