Junho é mês de Orgulho LGBTQIAPN+, tempo de reafirmação de uma comunidade que, diariamente, sofre ataques contra sua existência, mas que segue na luta pela resistência. Eu, muito orgulhoso que sou, quero começar esse período por aqui falando sobre os diversos significados que essa palavra pode ter para nós.
Orgulho é dignidade. Quando todos diziam que ter orgulho era frescura ou mimimi, nós usamos essa palavra para batizar as nossas lutas, para garantir nossos direitos, para reconhecer a nossa existência, para nos humanizar.
Historicamente, os desdobramentos da Revolta de Stonewall, em 1969, que eclodiu em Nova York, demorou para chegar em nosso país, de acordo com o livro “História do Movimento LGBT no Brasil”.
Nessa época, vivíamos o auge da repressão da ditadura militar por aqui e nem o fim dela nos garantiu algum avanço. Isso porque os anos 1980 logo ficaram marcados pela Aids, o que trouxe à nossa população ainda mais violência e estigmatização.
Ainda bem que a sociedade muda e segue mudando. Para que nós possamos viver o orgulho como liberdade. Em 1990, surgiram no Brasil as primeiras paradas do orgulho gay, na mesma época em que a Aids já não assustava tanto e que a homossexualidade deixou de figurar no hall de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Passamos a ir às ruas celebrar que estamos vivos, junto de nossos amores, nossas famílias, numa festa multicolorida, beijando em público e mesmo com um um país tão violento, construímos a maior Parada da Diversidade do planeta e seguimos desde então nos fortalecendo, ocupando a mídia e a política.
Até porque orgulho também pode ser avanço. Todo mês de junho aparece alguma figura religiosa radical que resolve nos atacar - acredito que a troco de like, de se inserir na mídia, ganhar notoriedade, se tornar assunto. É sempre a mesma coisa: algum pastor desrespeitoso se aproveita da visibilidade de nossas manifestações para “falar em nome de Deus”.
É até engraçado como falar sobre Orgulho LGBTQIAPN+ se tornou interessante para os oportunistas. O que talvez muitos não tenham percebido ainda (ou não querem perceber) é que o movimento político que construímos e os direitos civis que alcançamos não podem mais ser ignorados.
Não há como regredir sobre isso. Ainda que tentem, ainda que dentro de nossa própria comunidade tenhamos problemas, a pauta LGBTQIAPN+ nunca mais vai sumir.
Nós avançamos e vamos continuar avançando. Saímos da escuridão para os holofotes, estamos no cinema, no teatro, no streaming, na publicidade, na música, na TV aberta.
Estamos nas empresas, estamos nos almoços de família e um número cada vez maior de jovens vem assumindo suas sexualidades e gêneros sem medo, construindo mais uma geração de enfrentamento.
Em junho, a gente sai nas ruas para celebrar o que já fazemos todos os dias: lutar. Existimos e somos muitos, somos diversos, mas cientes de que essa luta é por todos nós. Ninguém voltará para o armário.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor