Grupo de Resistência Asa Branca celebra 35 anos de luta contra o preconceito no Ceará

Muito mais que uma ONG, o GRAB é uma tecnologia de visibilidade e cidadania

Legenda: GRAB movimenta o Ceará com ações de luta pela conquista de direitos e de resistência às opressões
Foto: Reprodução/Instagram

“Asa Branca”, música que se eternizou na voz de Luiz Gonzaga e habita o imaginário de todo nordestino, versa sobre migração, mudanças e esperança. Na composição, a ave Asa Branca, conhecida por ser um animal resistente às adversidades climáticas e apreciador de paisagens abertas, deixa o sertão nordestino em tempos de estiagem e voa em busca de sua sobrevivência, de melhores condições de vida.

No final da década de 80, mais precisamente na Fortaleza de 1989, um grupo formado por pessoas LGBTs decidiu apostar também em mudanças, novos ares e um futuro mais esperançoso. A partir daquele ano, esse grupo de “asas brancas” migrou para a construção sociopolítica de paisagens menos inóspitas, nascendo, assim, o Grupo de Resistência Asa Branca, o GRAB.

GRAB movimenta o Ceará com ações de luta pela conquista de direitos e de resistência às opressões
Legenda: GRAB movimenta o Ceará com ações de luta pela conquista de direitos e de resistência às opressões
Foto: Reprodução/Instagram

Há 35 anos, o GRAB movimenta o Ceará com ações de organização política, de luta pela conquista de direitos e de resistência às opressões, sendo uma das organizações LGBTs mais antigas em funcionamento no Brasil. Sua ação mais conhecida pelos cearenses é a Parada da Diversidade - que, em 2024, acontecerá neste domingo, dia 30 de junho - mas o GRAB vai muito além.

Essa ONG sempre foi uma grande referência de acolhimento a pessoas LGBTQIAP+, sendo determinante na luta pela liberdade sexual e de gênero, na construção de políticas públicas que promovessem dignidade, empregabilidade, educação, cultura e saúde.

Graças à coragem daqueles que resolveram enfrentar todo o estigma e o preconceito contra pessoas com HIV/Aids e dar um basta na violência contra a nossa comunidade no Ceará, o GRAB é hoje uma das grandes instituições de promoção à saúde, defensora do SUS e reconhecida, inclusive, pelo Ministério da Saúde.

Conheci o GRAB quando comecei a trabalhar questões de gênero e sexualidade no teatro, na época do espetáculo Flor de Dama. Com a ONG, participei da programação cultural levantada por eles, ministrei curso de teatro e fizemos uma série de ações educativas de prevenção. A arte e o GRAB sempre estiveram juntos, porque a cultura também é ferramenta de visibilidade e cidadania.

O GRAB é a certeza de que não se está sozinho. Vida longa.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor