A fome também mata: que a solidariedade seja mais contagiosa que o vírus

Legenda: 72% dos brasileiros tiveram alguma atitude de solidariedade durante a pandemia
Foto: Divulgação/Cufa

Nem nos nossos piores pesadelos, poderíamos imaginar que, depois de mais de um ano da pandemia de Covid-19, estaríamos até hoje sob o risco iminente de contaminação e com um futuro ainda mais incerto do que antes. Contudo, para quase 15 milhões de brasileiros, não há certeza sobre o pão de cada dia. 

Com pandemia prolongada, medidas de distanciamento social, retração da economia, ampliação do desemprego e fim de um auxílio emergencial digno e com cobertura realista, a fome hoje bate na porta não somente daqueles milhões de brasileiros que já viviam em condição de pobreza e extrema pobreza, mas também para a “antiga nova classe média” que emergiu em tempos recentes, ou seja, aquelas pessoas que “se viravam” no trabalho informal, mas que tinham alcançado um bom lugar ao sol no empreendimento da vida.  

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Essa tragédia anunciada, diante da ausência de um plano emergencial de socorro aos trabalhadores informais e das micro e pequenas empresas, tem produzido a mais grave crise humanitária na história recente do País.

E diante destas circunstâncias, a solidariedade é um elemento fundamental para manter a panela cheia e salvar vidas de milhares de crianças, idosos e mulheres. 

A pesquisa do Instituto Locomotiva e Data Favela sobre “o brasileiro e a solidariedade”, realizada em 21 e 22 de março de 2021, em 72 cidades da Federação, apontou que 86,3 milhões de brasileiros receberam algum tipo de doação durante a pandemia, destes: 46% doação em produtos; 36% doação em dinheiro; e 14% outros tipos de doação. Um dado interessante é que 62% destes brasileiros beneficiados com doação também doaram para alguém. No entanto, 74% das pessoas que receberam doação afirmaram que faltaria comida na mesa se não fosse esse ato solidário.  

Por sua vez, 72% dos brasileiros tiveram alguma atitude de solidariedade durante a pandemia. Destes, 71% doaram para pessoas físicas, 69% para entidades ou campanhas, 43% para trabalho comunitário em associações e 32% para trabalho comunitário individual.  

E ao que indica a referida pesquisa, a crise sanitária de Covid-19 tornou o brasileiro mais sensível e solidário, pois 71% acreditam que sairão da pandemia mais generosos; 69% dizem que sairão mais preocupados com os outros; e 61% mais preocupados com o Brasil. 

É nesse sentido que a campanha https://www.panelacheiasalva.com.br/ promovida pela Central Única das Favelas (CUFA), Gerando Falcões e Frente Nacional Antirracista busca arrecadar dois milhões de cestas básicas para distribuição em todo o país e colaborar com comida na mesa de oito milhões de brasileiros. Fome Mata. Panela cheia salva! 

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.