Por que as imagens de santos são cobertas com panos na semana que antecede a Páscoa

Pela primeira vez, Beata Benigna recebeu velatio na Matriz de Santana do Cariri

Legenda: Maria Lúcia segue a tradição da avó de cobrir imagens de santos na Semana Santa
Foto: Patrícia Silva

O rito seguido nas igrejas católicas do mundo todo aqui pode ser visto nas salas de estar de casas do bairro do Horto, onde fica a estátua do Padre Cícero.

Quando você entra na residência da comerciante Maria Lúcia da Silva, encontra logo o sacrário coberto. Ela aprendeu com a avó a tradição de velar as imagens de Jesus Cristo, de santos católicos e também a do Padim (já Servo de Deus, mas ainda não canonizado).

"Domingo de Ramos logo cedo, a gente já cobre os santos. Fica assim até o domingo da Páscoa, que é quando a gente descobre o santo", afirma.

O velatio está presente no item 26 do documento católico Paschalis Sollemnitatis afirmando o seguinte:

“O uso de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília.”

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O Padre Felipe Gonçalves Macedo, vigário paroquial da Basílica de Juazeiro do Norte, explica a simbologia: antecipar o luto pela morte de Cristo.

Cobrem-se as imagens dos santos e também as cruzes na intenção de voltar o olhar para o centro, que é o altar, o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
Padre Felipe Gonçalves Macedo
Vigário paroquial da Basílica de Juazeiro do Norte

Desde o começo do cristianismo, a Páscoa é precedida por preparativos. Tanto que a semana que antecede a data carrega adjetivos: além de santa, é também a Semana Maior. E são os últimos 7 dias dos 40 que ganharam o nome de Quaresma.

É um tempo tão importante que os mais religiosos celebram com mudança de hábitos, como deixar de comer algo.   

O documento de preparação para celebrar a Páscoa carrega orientações de como o ambiente da igreja deve estar para aquele culto, caprichando na sobriedade e no uso da cor roxa, que simboliza a morte de Cristo.

Sabe-se que o Cariri cearense é uma terra fértil para o catolicismo popular. Os romeiros criam os próprios rituais. Quem visita locais de romaria em Juazeiro do Norte logo percebe isso. Mas vê-se que este território é também mantenedor de tradições seculares, como é o caso de cobrir imagens de santos.

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