Cariri celebra a arte de Gilberto Gil, herdeiro musical de Luiz Gonzaga

Após anunciar data para reduzir o ritmo de apresentações, artista recebe título de Doutor Honoris Causa pela URCA por contribuição à cultura

Legenda: Fãs do Cariri comemoram titulação de Gilberto Gil pela URCA. Marcos Leonel, assistiu a uma apresentação de Gilberto Gil no Cariri no começo da década de 1980, no Gaibu, clube extinto do Crato
Foto: JUNIOR BALU

Aos 82 anos, Gilberto Gil afirmou que, em 2025, fará a última grande turnê. Quem estiver no Cariri neste 10 de julho terá a oportunidade de vê-lo de perto no palco. Foi informado que não haverá um concerto do artista, mas certamente o artista ouvirá palavras de gratidão.

Como reconhecimento à contribuição para a música brasileira, Gil receberá o título de Doutor Honoris Causa dado pela Universidade Regional do Cariri (URCA), uma das maiores e mais antigas Instituições de Ensino Superior do Sertão. A solenidade será realizada às 18h no Centro Cultural do Cariri, no Crato.

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"Esse título é concedido a personalidades que se destacam no campo da cultura, das artes. Gil é uma fonte de inspiração para a nossa juventude", afirma o reitor Carlos Kleber Nascimento de Oliveira, 55.

Os jovens estarão presentes e afinados na cerimônia. O coral da escola pública Governador Virgílio Távora fará uma homenagem a Gil. São 39 adolescentes sob a regência do professor Cícero Galdino, 43. 

"Gil reúne o singelo e o complexo, o ancestral e o contemporâneo. É um dos maiores intérpretes e divulgadores do baião, gênero musical criado por Luiz Gonzaga", afirma Galdino.

Biógrafo de Gonzagão, Paulo Vanderley confirma que Gilberto Gil tem Luiz Gonzaga como alicerce.

"Seu Luiz Gonzaga faz parte da formação musical dele. Gil cresceu ouvindo através dos rádios, dos discos. Ele já disse que seu Luiz foi o primeiro artista pop do Brasil", afirma Vanderley.

O estudioso completa dizendo que a gratidão era mútua:

"Ele e Caetano foram muito importantes na divulgação de seu Luiz Gonzaga e do próprio forró."

Quando subir ao palco nesta quarta-feira, Gil levará consigo um pouco de Gonzagão e de cada um de nós. Compositor da obra-prima "Lamento Sertanejo", em coautoria com Dominguinhos, poucos artistas são capazes de traduzir tão bem a alma de quem é de cá, da Caatinga, do roçado.

Marcos Leonel, 62, assistiu a uma apresentação de Gilberto Gil no Cariri no começo da década de 1980. Conta que foi no Gaibu, clube extinto do Crato. 

"Gil vai além da referência. Ele faz você entender a realidade, principalmente a visão de quem vive oprimido, de quem vive da fé, de quem tem esperança. Vai fazer uma falta enorme", diz o músico, antecipando a saudade que todos terão do artista que anunciou a aposentadoria.