A técnica de banheira de gelo, também chamada de crioterapia, consiste em diminuir o metabolismo, a perda muscular, além da renovação celular. Essencialmente utilizado por atletas, o método também caiu no gosto de alguns famosos que praticam atividade física intensa, como a cantora Anitta, que publicou recentemente nas redes sociais ser adepta do procedimento.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o médico Luiz Felipe Carvalho*, especialista em coluna vertebral e medicina regenerativa, esclareceu dúvidas sobre a técnica, os benefícios, riscos e principais recomendações do método, que deve sempre ser executado com acompanhamento profissional.
Conforme o profissional, a técnica é recomendada para uma melhor recuperação muscular por meio da desaceleração do metabolismo.
"Quando um atleta faz uma maratona, o gasto muscular não para no momento em que ele parou o movimento. O músculo continua se consumindo e a banheira de gelo vai fazer com que o músculo desacelere o metabolismo para poder fazer uma recuperação melhor", explicou.
O maior benefício da técnica é a baixa do metabolismo e a renovação celular. Segundo o médico, durante a ativação da gordura na banheira de gelo, um gene é produzido a partir de células feitas em situações extremas.
"A apoptose é uma morte programada, se sabe que vão morrer mais células em situações extremas, ou em frio ou em calor extremo. Contudo, o corpo precisa se renovar e ele renova através dessas células" detalhou.
A banheira de gelo é muito indicada para os atletas, principalmente após a atividade física, pois vai fazer com que eles tenham menor perda muscular e uma recuperação celular muito mais rápida.
A técnica deve ser sempre utilizada a partir de um acompanhamento profissional, especialmente em pacientes que possuem cardiopatias, uma vez que a hipotermia não controlada pode trazer diversos riscos.
"Pacientes cardiopatas, com taquicardia, precisam ser preparados primeiro antes de entrar na banheira de gelo. O problema maior é a hipotermia não controlada. Ou seja, se você quer fazer sozinho, daqui a pouco você vai ter uma baixa brusca da sua temperatura e vai ter problemas com o sistema circulatório, respiratório, podendo levar até a morte e uma lesão definitiva", alertou Luiz Felipe Carvalho.
A câmara de crioterapia. Segundo o profissional, a banheira de gelo consegue atingir em torno de -2°/ -4° e deve ser utilizada com monitorização cardíaca e respiratória.
"A câmara de crioterapia é utilizada com nitrogênio e tem a capacidade de chegar a - 200°, então, logicamente, que não se fica o mesmo tempo. Em torno de dois, três minutos, no máximo, já tiramos o paciente de dentro da câmera com todo o controle, com toda a monitorização cardíaca, a monitorização respiratória. Só se faz esse tipo de aparelho com toda a segurança e com uma equipe bem treinada", informou.
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Luiz Felipe Carvalho indica o uso da técnica após o treino para garantir um maior efeito.
"Quando paramos o treino, o gasto energético não para quando se para o movimento. Ele continua. Claro, para quem quer emagrecer é maravilhoso. Mas para um atleta, que já é mais magro, ele vai acabar consumindo a musculatura. E não é inteligente isso. Então, a câmara de gelo vai fazer com que ele, após o treino, tenha uma melhor qualidade muscular e recuperação", pontua o especialista.
Não. A técnica não interfere no ganho de massa muscular, mas pode comprometer a perda de massa muscular. "Pode, na verdade, aumentar a perda muscular quando não se usa a câmara de gelo", esclareceu o profissional.
*Dr. Luiz Felipe Carvalho é ortopedista especialista em coluna vertebral e medicina regenerativa. É diplomado pela Academia Americana de Medicina Regenerativa (AABRM), e pelo grupo Latino Americano ORTHOREGEN. Atualmente, está estruturando o serviço de Medicina Regenerativa na Cidade de São Paulo para tratamentos de artrose e de dores crônicas osteomusculares.