Quando Bruna Marquezine foi anunciada como parte do elenco de Besouro Azul, aposta da DC com um herói novo para os cinemas, talvez não se tivesse exata dimensão da grandiosidade da carreira da atriz brasileira. A estreia do filme nesta quinta-feira (17), entretanto, não deve deixar nenhuma dúvida: ela está mais do que pronta a assumir papéis como este, de protagonista em uma grande franquia internacional.
Jenny Kord, a personagem brasileira interpretada por Bruna, é carismática, destemida, inteligente, além de se encaixar perfeitamente na proposição do filme, que parece mesmo uma grande ode à cultura latino-americana. Tá bom para vocês?
Nesse último quesito, a produção não deixa nada a desejar, garanto. Nos faz criar uma identificação carinhosa, como quem assiste detalhes em cena capazes de deixar norte-americanos um tanto confusos, eu diria. De forma orgânica, na maior parte do tempo de tela, mas falaremos disso mais tarde.
Ainda que um filme classe B de um estúdio potente como a DC, andando a passos lentos após amargar insucessos nos últimos lançamentos, Besouro Azul incorpora o próprio papel que lhe é esperado e entrega uma diversão bem honesta, bastante completa, mesmo que se exceda em algumas piadas, e um início digno a uma história capaz de render bons frutos.
Na trama, o adolescente Jaime Reyes (Xolo Maridueña) ganha superpoderes quando um misterioso escaravelho se prende à sua coluna e lhe fornece uma poderosa armadura alienígena azul. Nesse meio tempo, precisa lidar com as preocupações familiares, as dificuldades de viver como um mexicano em Palmera City e o encantamento pela bela Jenny Kord (Bruna Marquezine).
Mas vamos ao que interessa: é bom ou não é? Se você, assim como muitos, consumiu produtos televisivos nos últimos anos, sabe como são filmes típicos de uma Sessão da Tarde. Eu até definiria Besouro Azul como integrante desse espectro, mas é preciso delimitar, já que ele é um daqueles bons filmes, bem perfeitos nesse horário tradicional da TV brasileira.
Para um herói completamente novo, nada como um rosto jovem, cheio de promessa. É exatamente o que Xolo Maridueña entrega, com muita naturalidade. O Jaime criado por ele é um jovem amoroso, preocupado com a família, engraçado na medida certa e disposto a enfrentar qualquer tipo de ameaça para assegurar que os que ama permanecerão bem.
Assim como Bruna, o ator norte-americano, conhecido pelo papel de Miguel Diaz na série Cobra Kai, parece para lá de confortável na papel do super-herói, circulando com facilidade para as diferentes facetas que o papel o direciona. Quando faz rir, Xolo é sutil, da mesma forma que faz a audiência chorar com a mesma facilidade, sem soar forçado.
Junto de Bruna, então, ele brilha ainda mais. A química entre os dois é tão orgânica e palpável que não há como negar a forte relação entre os dois fora dos cinemas. O filme não entrega tantas cenas de romance entre eles, mas quando o faz gera uma sensação de acolhimento, como se o envolvimento entre os personagens fosse o único caminho possível. Um baita acerto!
As relações familiares também são outro ponto alto, sem dúvidas. A família Reyes, alicerce de Jaime, é um entretenimento à parte. O tom engraçado e nostálgico vem deles, ainda que o roteiro recaia sob alguns clichês que todos já estão cansados de presenciar em representações latinas.
Tio Rudy (George Lopez), inclusive, arranca boas risadas com as referências à Maria do Bairro e Chapolin Colorado, nos remetendo à infância, quando as telenovelas detinham o auge da atenção entre crianças e adultos de diversos países.
Sobre os vilões, não há muito o que dizer. Não possuem força o suficiente para surgirem como uma ameaça imbatível, mas causam um medo na medida, responsável por nos fazer temer sobre o futuro do tão querido Jaime. Podem ser inexpressivos, mas não desnecessários.
A DC não confirmou esse detalhe ainda, mas existem indícios de um futuro Besouro Azul no próprio longa. Tudo, claro, dependerá dos planos de James Gunn, mas o filme envereda por mistérios que podem ser desenvolvidos em sequência, também deixando abertura para o desenrolar do envolvimento amoroso de Jenny e Jaime.
Dito isso, Bruna e Xolo têm carisma suficiente para um novo capítulo da franquia, já que carregam juntos a responsabilidade de alavancar as bilheterias mesmo sem a divulgação possível no momento. Besouro Azul talvez não seja um estrondo de números para o estúdio, melhor não se enganar, mas pode se tornar um produto para o público fiel, ansioso por uma reinvenção do gênero dos super-heróis. Não custa sonhar!