Veja 5 motivos para conferir o novo filme da franquia 'Jogos Vorazes' nos cinemas

'Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes' estreia nesta quinta-feira (16) com a missão de manter o sucesso dos anos anteriores

Quando Katniss Everdeen entrou na arena do 74º Jogos Vorazes nas telas de cinema, em 2012, a história antes criada para os livros chocou espectadores da forma mais brutal possível. Enquanto as franquias de sucesso da época, como Harry Potter e Crepúsculo, se ancoravam na fantasia para se estabelecer, o primeiro filme da saga apostava em um universo no qual as barbáries provocadas pelo homem se transformavam no real e grande antagonista. Agora, com 'Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes', 5º da franquia, a sensação de quem assiste nos cinemas pode ser semelhante a de quem presenciou o início da série cinematográfica há mais de dez anos. Se isso é bom, entretanto, acaba sendo bem subjetivo. 

Veja o trailer do filme:

Fã da saga — li todos os livros com a mesma voracidade em que corri aos cinemas para conferir cada capítulo nas respectivas estreias — confesso não ter visto tanto sentido, de cara, em retratar a juventude de Snow. O presidente ameaçador capaz de transformar a vida de Katniss em um inferno não me parecia um personagem ambíguo o suficiente para que eu pudesse me interessar em uma história baseada, principalmente, na dualidade entre o amor e o poder que o circundou. Acontece que talvez, agora, consiga dizer o quanto acredito ter errado nesse ponto.

O novo filme de Jogos Vorazes tem lá alguns erros importantes, mas também funciona bastante. O Coriolanus Snow interpretado por Tom Blyth consegue servir à audiência com dilemas morais importantes e, ao mesmo tempo, não se furta ao chocar o espectador com a realidade crua: como poderia o principal vilão da saga mudar algo do passado se sabemos muito bem o que ele se tornou? Mas explico mais adiante, elencando os principais destaques do longa que estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas brasileiros.

Carisma de Tom Blyth

Há sempre um risco ao interpretar personagens que são versões prévias de um sucesso anterior. Tom Blyth (Billy The Kid) parece saber muito bem como agir diante das câmeras comandadas por Francis Lawrence, diretor da saga desde 'Em Chamas', e entrega um Snow dúbio, ainda sem deixar dúvidas da ânsia por poder que o consome. Ele é, sem dúvidas, o ponto alto do filme e rouba a cena até mesmo da Lucy Gray de Rachel Zegler, a mocinha do longa.

De início, Blyth entrega um Snow ansioso por ajudar à família, enquanto busca reviver a glória alcançada pelo próprio pai, morto na guerra entre rebeldes e Panem. As nuances da construção do personagem são entregues aos poucos pelo ator, que vai se transformando junto de Snow em cena. Ainda que saibamos como ele será, anos depois, um tirano sem escrúpulos, uma ponta de esperança até surge quando o futuro presidente de Panem se torna mentor dos Jogos Vorazes e os sentimentos entre ele e Lucy Gray começam a aflorar.

É no terceiro ato do filme, talvez o mais arrastado, que Snow mostrar ser, verdadeiramente, quem é. E aí a atuação de Blyth se destaca ainda mais, quando ele consome cada centímetro das cenas e o mais interessante deixa de ser a torcida pela protagonista e passa a ser o entendimento de como Coriolanus Snow optou pelo poder a todo custo.

Caos na arena dos Jogos

A mesma brutalidade presente em 'Jogos Vorazes', lá de 2012, está presente aqui. Interessante, inclusive, já que Francis Lawrence não foi o diretor do primeiro filme da franquia. Aqui, ele escolhe colocar o espectador no centro, como se fôssemos mais um dos participantes que lutarão até a morte para suprir os desejos da Capital.

A entrada dos tributos, inclusive, é um dos principais acertos do filme. A tensão que cerca o momento em que tudo pode ocorrer, a barbárie das armas utilizadas para matar uns aos outros. Lawrence sabe muito bem como usar cada um desses elementos e choca por não precisar de muito para deixar qualquer um dentro da sala dos cinemas inquietos pela próxima cena.

Expansão do universo

Outro ponto interessante é que o visual do novo Jogos Vorazes também é um espetáculo à parte. Tanto pela direção como pela construção da ambientação do longa, o filme mostra o poder da Capital e ainda consegue o triunfo de construir a atmosfera dos distritos. É riqueza versus a pobreza que tanto cerca a história inicialmente criada para os livros de Suzanne Collins. 

No primeiro ato, o espectador é levado a entender o processo de construção da excentricidade da Capital, vendo como a grandiosidade de tudo é entregue aos moradores do centro de Panem. Enquanto isso, aos distritos, personificados no 12, sobra a tirania desse universo no terceiro ato, a pobreza e o trabalho para sustentar as classes mais ricas vistas no início do filme. Um acerto, sem dúvidas, o de separar completamente os dois lados, reforçando e expandido tudo que já havia sido visto pela audiência nos longas anteriores

Conexão entre protagonistas

Se você é fã da saga e apegado a Katniss e Peeta, sinto te decepcionar ao contar que Lucy Gray e Coriolanus Snow não são o casal fofinho a se torcer, e os motivos são bem óbvios, não é mesmo? No entanto, vale lembrar que tudo aqui ocorre em um contexto diferente e com um propósito nessa mesma linha.

O nascimento do possível amor entre os dois protagonistas desse novo filme cativa, sem dúvidas, quem o assiste. Os dois atores estão confortáveis no papel e suprem o interesse inicial de torcer por esse sentimento, talvez por isso seja doloroso ver que tudo vai por água abaixo e nem valia a pena ter esperado por algo bom dessa história. O que para muitos pode ser triste, eu chamo de bastante eficiente. 

Boa construção

E se é para falar dos personagens, também é importante ressaltar a construção geral do filme, seja pela atuação ou, claro, pela direção firme de Francis Lawrence. Ele retorna ao universo com a mesma maestria em que participou nos anos anteriores, costurando a história com os elementos já trabalhados anteriormente. 'Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes' é brutal, tem carisma, sentimento em si mesmo, ao passo em que é eficiente ao retratar o universo prévio do sucesso de outrora. O pecado talvez seja não manter o ritmo durante as 2h40, mas nada que o torne uma má experiência.

No fim das contas, o balanço é bastante positivo. Se antes o filme não tinha razão de existir, se abrem as possibilidades para que se conheça ainda mais de Jogos Vorazes, deixando as pontas soltas para que a história ganhe ainda mais destaque do futuro. Para mim, ainda que as razões sejam comerciais, nunca é demais acompanhar algo bem feito.