Uma vez, há muito tempo, mas já convencida anteriormente, li: todos nascemos BONITOS. A grande tragédia é que nos convencem de que não somos.
É verdade, né? Se você parar para pensar que alguém, um belo dia, instituiu que olhos assim ou assim não são bem aceitos, ou uma perna daquele ou do outro jeito também não constitui um padrão bonito aos olhos, é bem louco. Imagina aí.
Você nasce guiado pela genética, vai crescendo e percebendo que não é bonito (aos olhos da maioria), e plim.: te convenceram de que você não é. Nada mais tira aquilo da cabeça.
Bonita é a Maria da escola, a Joana da faculdade, a Teresa do trabalho. Bonitos são eles, eu não. Eu não sou bonita. Me falta o nariz padronizado como bonito, me falta a boca maior, me falta o cabelo, me falta a testa sem rugas, me falta o frescor da idade de ser bonito. Nem direito a ser bonito eu tenho mais, pois envelheci.
Que grande tragédia. Tudo caiu. Tudo virou pele, colágeno diminuiu. Nos conveceram de que não há mais tempo e que a beleza acabou. Acreditem. Além de buscar a própria aceitação por toda a vida, ainda precisamos jogá-la fora quando envelhecemos porque nem ela funciona mais, já que não há nada que possamos fazer.
Finalmente fomos convencidos, depois de tanto, que não há jeito. Não dá mais tempo de ser bonito o suficiente.
E se todos fôssemos cegos, que tipo de beleza nos bastaria? Longe de mim aqui dizer para não nos sentirmos bonitos ou fazermos procedimentos, mas em que momento ser belo aos olhos dos outros se tornou essencial? Qual momento perdi o olhar bom e generoso que tinha comigo mesmo e passei a ser convencida do contrário?
Apenas não sucumba a tudo isso, para que não vire uma grande tragédia. Quando vira, nada, absolutamente, será suficiente. Tampouco o que você carrega por dentro.
Só há uma saída: que não nos convençam. E que o belo seja o todo. Dentro e fora. E sob a nossa própria perspectiva.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.