Relembrando algumas dias, encontrei um vídeo em que eu estava irreconhecível. Lembro perfeitamente desse dia. Estava fazendo uma das coisas que eu mais amo: ir para casa de uns amigos que tocam e cantam (menos eu).
Cantávamos Leonardo: “pensa em mim, chore por mim, não, não liga pra ele”... Eu estava bem mais magra. Acredito que tinha perdido uns oito quilos. Tinha acabado uma relação. Estava tristíssima, como se tivessem me sugado e eu estivesse tentando apesar de tudo.
Esse é o primeiro ponto desse diálogo: a tentativa. Sempre tive um compromisso enorme com minha felicidade. Eu tinha mil pessoas ao meu redor em todos esses lugares. Mas, no fim das contas e na hora do tchau, era eu comigo mesma. Eu tinha que ser legal comigo. Então eu sempre tentei.
Não tentei imediatamente aí nessa época. Eu já tinha perdido muita coisa quando tentei (peso, orgulho). Mas tentei. E na tentativa, alguns espamos de amor dos meus amigos me fizeram lembrar que há mais sentido em viver do que morrer - mesmo que por dentro.
Dia desses postei uma foto com meu noivo. Recebi muitas mensagens do tipo: “também quero encontrar um grande amor”. E aqui vai o segundo ponto: foi dificílimo chegar nesse lugar dessa foto postada. Muitos “para sempre” frustrados, incredulidade no amor, decepções, crises, já fui chamada até de perdida porque eu não era uma “princesa”. E depois que encontrei um, tive um primeiro ano de "morando juntos" terrível e medo do para sempre quando ele chegou. Hoje tudo é melhor, me parece estar em seu devido lugar.
E digo com toda propriedade: estou aqui hoje porque não sucumbi. Não desisti do amor, da famigerada felicidade (seria ela um lugar ou o que encontramos nesses caminhos tortuosos?). Mas tive muita vontade muitas vezes. É difícil demais começar do zero. De um emprego novo à uma nova relação. É chato, custoso e sem garantias.
Mas se eu pudesse trazer em uma palavra tudo aquilo que me fez chegar até aqui: compromisso. Porque quando nos comprometemos com nossa felicidade, somos obrigados, por nós mesmos, a tentar, a ir, a não sucumbir. A botar um batom depois de respeitar a tristeza e cantar com os amigos. A tristeza pode fincar e estar em um espaço que não pertence a ela se durar tempo demais.
E aí a gente tenta porque a gente sabe, no fundo, no meio de toda dor, que nosso lugar é outro. E a dor passa. E tudo é efêmero. E não há dor que dure para sempre. E aí sim, quem sabe, com os olhos menos marejados, conseguiremos enxergar (mais do que encontrar) um grande amor.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.