CBV precisa repensar os protocolos da Superliga

Surto de Covid-19 em diversos times e jogos adiados. Medidas exigidas pela Confederação de Vôlei não têm sido suficientes para garantir segurança sanitária na principal competição nacional da modalidade

Pelo menos 83 infectados, entre mulheres e homens, e 27 partidas adiadas. A Superliga começou há menos de dois meses e já apresenta problemas estruturais críticos. Em meio à pandemia do novo coronavírus, protocolos definidos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) são falhos.

Testes exigidos apenas a cada quinze dias não fazem o menor sentido, visto que nesse meio tempo é possível, inclusive, que uma pessoa contraia a doença e fique curada, tendo contaminado várias outras sem nem ao menos saber que estava infectada. Além disso, as viagens constantes expõem não apenas as equipes, mas a todos em aeroportos, por onde os times passam, por exemplo.

A mesma confederação que planejou um modelo “bolha” de sucesso para o vôlei de praia, no qual todas as partidas foram realizadas com sede única, em Saquarema, poderia começar a cogitar essa possibilidade também para a modalidade na quadra.

A Covid-19 tem afetado não apenas a logística da Superliga - o adiamento de jogos tem sido cenário comum desde o início -, mas também o rendimento dos atletas. Com um prazo de dez dias, já está permitido o retorno à competição, mas nesse curto período não necessariamente se recupera o condicionamento físico. Prova disso é o que Osasco passou na nona rodada contra o Brasília, ao retornar às quadras após onze dias longe por conta de surto da doença. O time de São Paulo estava invicto e perdeu para a equipe que ainda não tinha alcançado nenhuma vitória. Coincidência ou não, a derrota aconteceu após a contaminação de quatro atletas.

Mais recente prova do protocolo falho é a contaminação de Tandara, oposto do Osasco. Ela chegou a realizar o teste nos protocolos exigidos pela confederação, mas negativou. Viajou com a equipe para Uberlândia, onde enfrentaria o Praia Clube, e resolveu por conta própria realizar um outro teste, já que o marido havia sido diagnosticado com a Covid-19, foi então que descobriu que também tinha sido infectada. Caso tivesse se conformado apenas com o teste dentro dos prazos regulamentados, poderia ter contaminado várias outras atletas, comissão técnica, além de pessoas com quem tivesse contato durante a viagem.

Fluminense
Legenda: Fluminense enfrenta surto de Covid-19 durante a Superliga Feminina
Foto: Mailson Santana/Fluminense

O último clube atingido pelo surto foi o Fluminense, que teve cinco atletas e dois membros da comissão diagnosticados e, com isso, precisou adiar três partidas.

A CBV foi procurada em relação à manutenção dos protocolos, apesar do avanço da pandemia, mas até o fechamento desta publicação, não se manifestou.