A cada quatro anos (dessa vez foram cinco), o mundo contempla e torce por mais de 200 países reunidos nas Olimpíadas. Tóquio 2020 fez história mais do que qualquer outra edição, antes mesmo da chama olímpica ser acesa. Agora que as competições terminaram, os dias inesquecíveis, por bons ou maus resultados, ficarão para sempre na memória de quem tanto aguardou por eles.
O que se espera que fique do maior evento esportivo do mundo não são apenas as medalhas, pontos, notas ou gols. A maior lição deixada pelos Jogos em meio à pandemia, é que é possível vencer adversidades. Apesar de tudo, dá para encontrar felicidade na conquista do outro. A tristeza toma conta com a derrota de quem lutou muito por estar ali e não alcançou o objetivo. É empatia.
A troca entre as nações dessa vez foi limitada. A festa da torcida não aconteceu. As Olimpíadas das incertezas começaram e terminaram gerando uma série de questionamentos: os protocolos são seguros? Era o momento de acontecer? Talvez as respostas fossem "não". Mas adiar mais uma vez ou cancelar não parecia ser opção. Não foi.
No topo do quadro de medalhas, velhos conhecidos duelando até o último dia pela liderança. Estados Unidos e China se destacam pelos investimentos no esporte em linhas totalmente opostas, mas que se cruzam levando os atletas aos lugares mais altos dos pódios. O Brasil, surpreendentemente, conquistou o melhor resultado da história, 12ª colocação com suas 21 medalhas. Poderíamos ter mais, bem mais! Se não fossem os "quase" ou detalhes. Mas ainda mais teríamos se o esporte tivesse o espaço que merece nesse País.
Talentos nós temos. Quantas Rebecas, Rayssas, Isaquias ou Ítalos há por aí em pequenos projetos, em comunidades invisíveis ao mapa dos investimentos esportivos? Ser atleta de alto nível requer tempo, dinheiro, dedicação e esforço. Entre os nossos 302 representantes, 33 atuavam em outras profissões. Motorista, vendedor e fisioterapeuta estão entre elas. Ainda assim, conseguiram chegar à principal competição do planeta, mas a maioria não consegue.
As mulheres brilharam em Tóquio e conquistaram nove das 21 medalhas do País. Em quantidade, representaram 46%(141) dos atletas brasileiros. E pensar que essa trajetória nos Jogos iniciou apenas em 1932, 12 anos após a estreia do Brasil. Em pódios, o primeiro veio apenas em 1996, em Atlanta. Com representante em esporte individual, o primeiro ouro veio apenas em Pequim, 2008.
O nordeste também foi destaque, mesmo com apenas 45 representantes, o terceiro no ranking das regiões, foi daqui que saíram mais da metade (4) dos medalhistas de ouro do Brasil. E ainda duas das seis pratas.
Entre os nossos representantes cearenses, oito nascidos e dois federados, nenhum conseguiu a medalha. O quinto pódio olímpico não veio, mas Paris 2024 é logo ali. O ciclo será mais curto e o tempo é precioso.