Iniciativa possibilita treinamentos de alto rendimento e competições fora do país, já que retomada do esporte olímpico vem acontecendo, no Brasil, de maneira mais lenta que no velho continente
Entre os quase 100 atletas brasileiros que passam pela Missão Europa desde julho, Vittoria Lopes é a representante do Ceará. A jovem de 24 anos é uma das melhores colocadas para representar o país no triatlo, nas Olimpíadas, em Tóquio, e esteve no Centro de Treinamento de Rio Maior, em Portugal, no mês passado.
A possibilidade de reunir atletas de alto rendimento em um ambiente controlado para evitar a proliferação do novo coronavírus foi alternativa encontrada diante da dificuldade local de superar a situação crítica da pandemia.
O suporte estrutural foi um diferencial, como destaca Vittoria: “Um período importantíssimo já aqui na Europa, no fuso e com os outros atletas brasileiros. Realmente, uma estrutura de ponta. Foi muito bom pra mim, principalmente, pela parte médica e fisioterápica”.
No primeiro pelotão, ainda em julho, embarcaram atletas brasileiros do boxe, ginástica, judô, nado artístico e natação. Este mês, mais três modalidades farão parte: canoagem slalom, ciclismo BMX e esgrima, chegando ao total de 15.
Prestes a completar dois meses, o projeto Missão Europa, do Comitê Olímpico Brasileiro, traz bons resultados para o esporte nacional. Além dos treinamentos, a temporada é oportunidade para os atletas voltarem às competições. A natação foi a pioneira, com o Open de Loulé, em agosto. Em setembro, tênis, triatlo, maratonas aquáticas, judô e vela também contam com disputas.
Vittoria Lopes retornou às competições, após quase um ano longe, e foi a representante do Brasil com melhor colocação (15ª) no Mundial realizado na Alemanha, no último sábado. Ela conta que a passagem pela Missão Europa contribuiu para o retorno mais confiante às competições e revela a alegria em poder sentir de novo a adrenalina das provas.
A triatleta segue com o calendário no continente, onde no próximo final de semana disputa a Copa do Mundo, na República Tcheca.
“O nível vai ser alto de novo, todo mundo já no ritmo, agora vai ser uma prova longa, lá em Hamburgo foi sprint, mas vou buscar o meu melhor de novo”.
A expectativa é de que até dezembro mais de 200 atletas de 17 modalidades participem da Missão Europa em uma das quatro bases em: Rio Maior, Coimbra, Cascais e Sangalhos.
O sonho olímpico para esses atletas segue vivo, apesar das incertezas do mundo quanto à evolução da pandemia do novo coronavírus. Mesmo com todo o contexto, a ministra japonesa para a Olimpíada, Seiko Hashimoto, garantiu nesta terça-feira (8), que os Jogos serão realizados "a qualquer custo”.
A declaração traz à tona a reflexão em relação à grandiosidade da edição, principalmente, por conta da dúvida sobre a possibilidade de contar ou não com a presença de público, que junto com os atletas dá emoção às disputas.
O tema das Olimpíadas será ‘Jogos de Reconstrução’ em referência à devastação do Japão pelo tsunami. A reconstrução é o que se espera ver também na sociedade, não só do Japão, que vai receber o maior evento esportivo do planeta, mas também em todo mundo, após a resolução da pandemia que trouxe impactos inimagináveis e reflexão, principalmente, sobre valor, importância e reerguimento, pontos que se leva não só na vida, mas se aprende no esporte.