Uso de colágeno oral realmente melhora a elasticidade da pele? Entenda

Proteína produzida naturalmente pelo corpo, a síntese do colágeno diminui ao longo dos anos e afeta tecidos. Saiba como aumentar a produção

Legenda: Colágeno pode ser reposto em cápsulas ou pó dissolvido em água
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Ouro do skincare, o colágeno é uma substância que muitos temem em perder, já que é responsável pela firmeza e elasticidade da pele. Embora seja produzida naturalmente pelo corpo, a síntese dessa proteína vai diminuindo ao longo dos anos e, por isso, há uma perda da flexibilidade das articulações, o surgimento de rugas, flacidez e linhas finas.  

Essa perda natural fez com que surgisse, no mercado, suplementos orais de colágeno com a promessa de melhorar a pele, unhas e cabelos, ou até mesmo problemas na articulação, já que essa proteína está presente na derme, tendões, cartilagens e ossos. Mas será que essa reposição ingerida realmente tem eficácia? 

Já adianto que não é exatamente como se pensa. A médica dermatologista Aline Proença afirma que não há contraindicação para a reposição, mas não há tanta eficácia pensando na melhora da pele. “A recomposição desse colágeno é pouco impactante na pele, não há contraindicação, mas procedimentos e uma alimentação adequada são mais eficientes”.  

A nutricionista Mabel Spinosa acrescenta que há uma polêmica que envolve o tema, pois a maioria dos estudos é patrocinada pelas empresas que comercializam o colágeno, o que pode demonstrar um conflito de interesses.  

“Porém, ao analisarmos revisões sistemáticas e meta-análises, estudos com maior evidência científica, observamos que, de fato, suplementos de colágeno hidrolisado ou peptídeos de colágeno podem retardar e melhorar os sinais de envelhecimento da pele, diminuindo as rugas faciais, melhorando a hidratação da pele e elasticidade, enquanto a suplementação é mantida”, detalha.  

Quando começamos a perder colágeno? 

De acordo com a médica, a perda dessa proteína acontece de forma mais acelerada a partir dos 25 anos e há queda ainda mais brusca depois dos 50 anos por interferência dos hormônios sexuais, nessa fase, há estudos que apontam que a produção reduz para 35% a 40% do total.  

Além da queda de produção, o colágeno é naturalmente degradado pelo nosso corpo. “Mesmo sem o processo do envelhecimento, as fibras são produzidas e degradadas pra que não haja fibrose. Quando envelhecemos, aumenta a degradação e baixa a produção”, explica Aline.  

Sinais de perda do colágeno  

  • Linhas de expressão e rugas 
  • Olhar caído  
  • Unhas frágeis e quebradiças  
  • Cabelos mais finos  
  • Pele desidratada 
  • Flacidez 

Colágeno hidrolisado x Verisol 

Existem dois tipos predominantes de colágeno oral: o hidrolisado e o Verisol. No primeiro, a proteína é hidrolisada, ou seja, quebrada, para facilitar a absorção no organismo. Porém, a dermatologista explica que ainda há um processo de digestão, o que diminui a concentração que chega aos tecidos.  

“Já o Verisol, vem em peptídeos de colágeno tipo um, em que não há o processo de digestão, já chega diretamente aos tecidos. Esse é o tipo mais indicado pelos estudos para a reposição oral”, pontua Aline.   

A dermatologista Helena Rios acrescenta que, quando os peptídeos de colágeno são ingeridos, há uma melhora do funcionamento das células (fibroblastos) que produzem a proteína.  

Legenda: Um dos sinais da perda de colágeno é a flacidez da pele
Foto: Shutterstock

A nutricionista explica que, como toda proteína, o colágeno é obtido a partir das fontes proteicas, como carne bovina, peixe, frango e outros. Ao consumir essa proteína, ela poderá ser digerida e direcionada para onde estiver precisando. 

“Isso significa que, ao consumir o colágeno, ele pode ir para sua articulação ou qualquer outro lugar que esteja precisando, e não necessariamente para pele, por isso, é importante certificar-se que antes de começar qualquer suplementação, seu corpo não esteja com deficiência de outros nutrientes, e que vai ser capaz de absorver tal suplementação”.  
Mabel Spinosa
nutricionista

Conforme Mabel, na prática, a suplementação de colágeno para pele deve ser individualmente analisada para cada caso. “De forma geral, em pacientes mais jovens, é melhor fornecermos os precursores e nutrientes necessários para síntese de colágeno, e, para pacientes mais maduros, talvez seja necessário a suplementação do colágeno em si”. 

Como repor o colágeno?  

Dessa forma, procedimentos estéticos conhecidos como bioestimuladores de colágeno são mais eficazes para aumentar a produção. Aline e Helena citam como opção a aplicação de ácido polilático, de hidroxiapatita de cálcio, fios de PDO (polidioxanona), microagulhamento e o ultrassom microfocado. 

"Se você pegar um paciente que só suplementou oralmente contra um que fez um protocolo de bioestimuladores como esses citados, você percebe que o ganho é muito maior. Temos estudos que mostram que a aplicação de ácido polilático faz a produção do colágeno aumentar em mais de 400%". 
Aline Proença
dermatologista

Outros procedimentos mais conhecidos como a aplicação de toxina botulínica e os preenchedores não são os mais indicados para essa finalidade, de acordo com Aline, pois não atuam diretamente na síntese do colágeno.

"Ambos, são tratamentos que, associados aos bioestimuladores de colágeno, melhoram a elasticidade e a firmeza da pele". 

Fatores aceleram degradação

Além da perda natural, alguns fatores acabam por acelerar o processo de degradação do colágeno, o que causa um envelhecimento precoce. A médica Helena pontua que situações como exposição excessiva e desprotegida ao sol, noites mal dormidas, alimentação pobre em nutrientes, estresse, ou seja, hábitos não saudáveis vão provocando essa aceleração.

Mabel acrescenta que nutrientes como cobre, zinco, ferro, selênio, coenzima Q10, vitaminas A, C, B, D, E, gorduras boas e proteínas participam ativamento dos processos cutâneos, assim como os compostos bioativos, como curcumina, antocianinas e resveratrol.

"Encontramos esses nutrientes nas frutas, verduras, legumes, carnes magras, peixes, aves, cereais integrais, feijão, nozes e sementes. Ou seja, a base da sua alimentação deve ser de alimentos in-natura, evitando os industrializados, gorduras e açúcares em excesso. Além disso, cuidados básicos com a pele e consultas regulares ao dermatologista também podem ajudar", finaliza.