Um mês após o presidente Jair Bolsonaro (PL) assinar portaria que estabelece o novo piso nacional dos professores, reajustado em 33,24%, mais de 100 municípios do Ceará já confirmaram o percentual de aumento para a categoria. Além das prefeituras, o Governo do Estado também já efetivou o reajuste, com sanção do governador Camilo Santana (PT).
O reajuste é obrigatório conforme a Lei Federal do Piso Nacional do Magistério, de 2008. Em 2022, o percentual tem gerado reações de entidades municipalistas que questionam suposta brecha na legislação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, o Fundeb, ao qual se atrela o piso, e defendem reajuste menor, em cerca de 10%, com base em índice inflacionário.
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Ainda assim, a maioria das gestões municipais tem acatado a legislação vigente e autorizado o reajuste.
Há cidades em que o percentual supera a orientação nacional da lei, como é o caso das cidades de Poranga (50,31%) e Ipueiras (40,05%). Nesses casos, segundo a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) - responsável pelo levantamento - o índice de 2022 foi somado à reposição salarial pendente de outros anos.
As prefeituras de Aratuba (33,5%), Caririaçu (33,25%), Horizonte (33,33%), Mulungu (33,401%) e Senador Sá (34%) também reajustaram acima do valor nacional.
Em algumas cidades, tem havido impasse com professores após anúncio de reajuste menor que o percentual nacional.
É o caso das prefeituras de Morada Nova (6,74%), Beberibe (7%), Iguatu (10,18%), Maracanaú (14,5%), Itapipoca (25% e 28%), Maranguape (29,68%) e Eusébio (30,8%).
Em alguns casos, as prefeituras miraram no valor médio do salário com base no piso, de R$ 3.845,63, e não no percentual de reajuste. A Prefeitura de Beberibe, que tem um dos menores percentuais, veiculou vídeo em que diz que, se aplicasse o percentual, comprometeria 114% dos recursos do Fundeb, sem margem para aplicação de verba em outras áreas.
A presidente da Fetamce, Enedina Soares, diz que os sindicatos seguirão atuando nas cidades onde o benefício ainda não foi concedido. "Vamos denunciar os prefeitos que descumprem a legislação e conquistar o apoio da sociedade”.
Em Crateús, a Prefeitura enviou para a Câmara projeto de reajuste de 33,24%, mas os professores anunciaram greve na quinta-feira (10), em protesto pelo alcance da medida que, segundo a categoria, deve atingir menos de uma dezena de profissionais, que corresponderiam ao nível inicial da carreira.
Há o risco de improbidade administrativa para gestores que não cumprirem a lei. Entidades nacional de defesa dos municípios tentam modificar legislação junto ao Congresso Nacional para reverter a crise.