Forte bandeira do Governo Federal, a almejada reindustrialização (e/ou neoindustrialização) deve ter como estratégicas as Zonas de Processamento e Exportação (ZPEs) - a do Ceará, que fica no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), figura como exemplo. Essa é a visão do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que esteve no Ceará nessa sexta-feira (29).
Em visita ao Sistema Verdes Mares, Alckmin cedeu entrevista exclusiva. A esta coluna, quando questionado sobre a visão de especialistas relativa à importância das ZPEs nesse processo de neoindustrialização, já que se tratam de zonas econômicas especiais, Alckmin foi enfático ao dizer que elas "podem (ser importantes) e as duas ZPEs eu diria que são bons exemplos que deram certo", disse, referindo-se à ZPE do Ceará e à ZPE que fica em Parnaíba, no Piauí.
"Pecém (é um bom exemplo) com empresas maiores e Parnaíba com empresas menores. Esse é o caminho. Comércio exterior é fundamental. Como é que a China se transformou nessa potência? Comércio exterior", ressaltou o vice-presidente.
Inclusive, foi com a proposta de falar sobre comércio exterior que o ministro e vice-presidente veio ao Ceará. Após visita ao SVM, Alckmin se dirigiu ao Palácio da Abolição para o encontro Diálogos Exporta Mais Brasil, que encerrou a 5ª rodada do programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), cujo objetivo é fomentar importações e investimentos. Também fez parte da agenda do vice-presidente uma visita à ZPE do Ceará.
"A ZPE facilita, ela desburocratiza a questão aduaneira, porque, na prática, a exportação não paga imposto, só que acumula crédito porque você já pagou quando adquiriu produto para poder formar na cadeia produtiva, então a ZPE é um bom caminho, acho que tem tudo para crescer", disse Alckmin.
Alckmin pontuou que a reforma tributária não deve intervir no modelo praticado nas ZPEs. "Entendo que sim (que não deve interferir), a reforma tributária vai ser importante para a indústria, que está supertributada".
Hidrogênio Verde
Outro elemento inerente à neoindustrialização é a valorização das energias renováveis - ponto no qual é possível dizer que o Ceará está na dianteira, sobretudo quando se trata do hidrogênio verde. "Nós defendemos uma neoindustrialização, não é só recuperar a indústria antiga, mas promover uma neoindustrialização e ela tem que ter inovação e ser verde, baseada na energia renovável", reforçou.
"E o Nordeste, especialmente o Ceará, é campeão na energia eólica e na energia solar", afirmou. "A pergunta sempre foi: 'o que é que eu fabrico bem e barato?' Hoje, a pergunta é: 'onde eu fabrico bem, barato e compenso as emissões de carbono?'. Então, diria que é fundamental, precisamos regular a energia eólica offshore".
Quanto à regulamentação do hidrogênio verde, vista por empresários de energias renováveis como o ponto que falta para que o H2V saia do campo das intenções, o vice-presidente acredita que isso não deve demorar. "A regulamentação está sendo elaborada, acho que nós vamos andar rápido", disse.
"Nessa semana eu me reuni com o senador Cid Gomes (PDT) e na semana anterior com o deputado Danilo Forte (União Brasil), então estamos trabalhando. O Ministério de Minas e Energia tem um papel importante, mas ele é transversal, vai envolver aí vários ministérios e é fundamental para a chamada neoindustrialização", acrescentou.
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