Com fábrica em Maranguape, Hope quer expandir maquinário, contratar pessoal e produzir mais 6 milhões de peças

Indústria de moda íntima que chegou ao Ceará no fim da década de 90 quer aumentar market share com linhas a preços mais acessíveis, contratar mais funcionários e investir em máquinas para atender à demanda elevada

Legenda: Grupo Hope quer expandir maquinário em sua fábrica, localizada em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza
Foto: Ingrid Coelho

A crescente demanda e franca expansão de pontos de venda da Hope vão acelerar o ritmo na fábrica da gigante do setor têxtil em Maranguape, no Ceará, onde são produzidas as roupas escoadas para o Brasil inteiro.

Os planos incluem novas contratações, aquisição de maquinário voltado para moda íntima sem costura (seamless) e a meta de produzir seis milhões de peças neste segundo semestre de 2024.

Sócia-diretora do Grupo Hope, Sandra Chayo revela que o planejamento de compra de maquinário que a empresa havia feito no início do ano teve de ser reposicionado devido ao mercado aquecido. “Começamos o ano com o projeto de comprar ‘x’ máquinas e agora esse planejamento já está em ‘2x’ e vamos ter que comprar mais até o fim do ano, tanto de costura como máquinas do seamless”, detalha.

Legenda: Máquinas de seamless (produção de peças sem costura), um dos grandes produtos da Hope
Foto: Ingrid Coelho

Questionada sobre possibilidades de expansão do parque fabril em meio à forte demanda, ela explica que “ainda há muito espaço para crescer” dentro dos próprios limites físicos da indústria. “Temos aqui um galpão do seamless com muito espaço para crescer e acho que esse galpão, até o fim do ano, já estará todo tomado por máquinas”, diz, se referindo a um dos espaços do parque fabril. Sandra mostrou o espaço na última terça-feira (2), em uma visita guiada para a imprensa.

Além da edificação com potencial de ser ocupada, ela acredita que o tamanho do terreno nos arredores da fábrica, que também pertence à empresa, permite possíveis ampliações no futuro, apesar de essa não ser uma ideia da companhia no momento. “O nosso terreno tem muito espaço, mas no momento nós não pensamos em construir. Além disso, queremos crescer com as oficinas de costura também”.

A Hope também conta com uma parte da produção realizada por oficinas de costura, outrora conhecidas como facções de costura. “Queremos dar a oportunidade de formar outros empresários”, reforça Sandra Chayo.

A fábrica em Maranguape, instalada em 1998 pelo fundador do grupo Hope e pai de Sandra Chayo, Nissim Hara, hoje emprega mais de mil funcionários de forma direta. Em 2021, após uma reforma, a planta passou de 16 mil para 33 mil m².

Legenda: Fábrica emprega mais de mil funcionários. No local, são produzidas peças que vão para todo o País e para fora do Brasil
Foto: Ingrid Coelho

No local, são produzidas as peças de moda íntima masculinas e femininas, roupas de dormir, moda fitness e praia. Atualmente, a companhia divide seus produtos em três marcas: Hope, Hope Resort e Bonjour.

Em 2024, foram contratados cerca de 100 funcionários para a fábrica em Maranguape. Apesar de o investimento em maquinário para seamless, grande aposta da empresa, refletir em uma necessidade menor de funcionários - isso porque os equipamentos são mais automatizados - Sandra reforça a necessidade de contratar colaboradores para a parte de costura convencional (renda, moda íntima com costura e etc.).

Mão de obra

Um dos motivos que trouxe o seu pai, Nissim Hara, ao Ceará no fim da década de 90, a mão de obra hoje representa um certo desafio para o grupo. Questionada sobre o envelhecimento da mão de obra e se houve uma perda de interesse pela profissão ao longo das últimas décadas, Sandra explica que busca driblar a situação por meio de parcerias e projetos de capacitação, como o Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Costurando Sonhos, iniciativa da própria Hope.

“O Costurando Sonhos já formou 11 turmas e agora temos o projeto Oficina de Talentos, então a gente busca sempre fomentar e formar pessoas. Eu acho que o mundo está tão globalizado, tem as tecnologias, as pessoas sonham. Não está errado. Mas a gente busca também desenvolver aqui, temos muitos funcionários antigos que fizeram suas carreiras na Hope. As pessoas se movem por desafios”.

Legenda: Oficina de Talentos é um dos projetos de capacitação para a comunidade moradora da região ofertados pela Hope
Foto: Ingrid Coelho

Market share e público endereçável

Em um mercado extremamente pulverizado como o da moda íntima, a Hope revela que detém apenas entre 5% a 7% do market share do setor no País - fatia que a empresa quer aumentar.

Para isso, uma das estratégias adotadas é a ampliação do público endereçável com coleções a preços mais baixos. A primeira linha de entrada (Linha Light) foi lançada em março deste ano.

“A gente estima de 5% a 7% do mercado de moda íntima, mas é muito pulverizado. É muito curioso que, se você olhar para meia dúzia de grandes marcas, nós não temos 30% de mercado. Ou seja, 70% corresponde às marcas menores. O que a gente planeja, então, é pegar o espaço dessas não-marcas”, destaca Sandra.

Legenda: Hope estima market share de 5% a 7% e quer ampliar fatia com linhas a preços mais acessíveis
Foto: Ingrid Coelho

O grupo vai investir R$ 20 milhões em diversas frentes da companhia, incluindo a fábrica, mas a maior fatia será destinada ao aumento do público endereçável. A expectativa, com isso, é que o faturamento da marca cresce entre 15% e 25% neste ano. Atualmente, a Hope tem duas lojas em Fortaleza (Shopping Iguatemi e RioMar Fortaleza) e uma em Juazeiro do Norte. Há 280 espalhadas pelo Brasil.

A marca também está presente em Portugal, Paraguai e Angola por meio de franquia e exporta cerca de 3% dos produtos feitos em Maranguape. "O nosso foco é mercado interno. Acreditamos que ainda há muito para crescer aqui", arremata Sandra.

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